Operação da PF investiga fraudes em agendamentos de consultas em Queimados, RJ: entenda o caso

A Polícia Federal (PF) está em ação nesta terça-feira (21) na cidade de Queimados, na Baixada Fluminense, em uma operação para investigar um esquema de fraudes na fila do Sistema Nacional de Regulação (Sisreg). A suspeita é de que funcionários da Secretaria de Saúde estariam manipulando as marcações de consultas e exames em troca de apoio político. Alguns dos investigados chegam a ter mais de mil marcações no Sisreg, incluindo procedimentos de alta complexidade.

Para desencadear a operação, a PF cumpriu 9 mandados de busca e apreensão em endereços localizados em Queimados e em Brasília. A Justiça também determinou o sequestro e bloqueio de bens, valores e ativos que são incompatíveis com a renda dos investigados, além do afastamento de alguns envolvidos de suas funções públicas. Os crimes em questão envolvem organização criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção eleitoral, podendo resultar em até 24 anos de reclusão.

As investigações tiveram início após denúncias apresentadas pela Câmara Municipal de Queimados, que apontaram manipulações no Sisreg. O esquema consistia na inserção e alteração de dados para favorecer um grupo político, que usava as vagas na saúde como moeda de troca, especialmente em períodos eleitorais. Ex-funcionários da secretaria de saúde detalharam o processo de captura de vagas e trocas indevidas de pacientes para garantir procedimentos necessários, como cirurgias e exames.

Julio Cesar Gomes Bezerra, ex-subsecretário de gestão estratégica, foi apontado como um dos principais responsáveis pelas marcações indevidas no Sisreg, reservando mais de 340 vagas em seu próprio nome entre 2021 e 2023. Mesmo após sua exoneração, ele continuou com acesso ao sistema, realizando marcações até janeiro de 2024. A ex-secretária de saúde, Marcelle Nayda Pires Peixoto, também está sob investigação por não desativar o acesso de Julio Cesar ao sistema, permitindo que ele manipulasse as marcações.

Além disso, a prima da ex-secretária, Maria Clara Pires dos Santos, que não era servidora do município, também tinha acesso aos sistemas de marcação e realizava inserções e modificações nos agendamentos. No total, foram feitas 1360 marcações no nome de uma servidora de confiança da ex-secretária. A polícia suspeita que o esquema de marcações indevidas tenha sido utilizado para obter vantagens eleitorais, envolvendo candidatos que não se elegeram nas últimas eleições municipais.

A Prefeitura de Queimados informou que não foi notificada pela Polícia Federal sobre a investigação em curso, mas que afastou todos os servidores citados e instaurou um processo administrativo disciplinar para apurar os fatos. O município se colocou à disposição das autoridades para colaborar com as investigações. O RJ2 tentou entrar em contato com os envolvidos no caso, mas não obteve retorno até o momento. A saúde de Queimados se tornou alvo de manipulações políticas, prejudicando o acesso dos cidadãos a serviços essenciais.

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