Uma série de operações policiais recentes no estado de Goiás revelou um amplo esquema de corrupção e fraudes envolvendo servidores do Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO), despachantes, garageiros, compradores e vendedores de veículos.
As investigações, especialmente a Operação Chave Falsa, apontaram várias irregularidades graves. Os servidores comissionados e efetivos do Detran-GO se associaram com despachantes, garageiros, compradores e vendedores de veículos para cometer fraudes em transferências de veículos. Eles utilizavam senhas de acesso restrito de outros servidores, muitas vezes sem o conhecimento desses, para falsificar documentos e evitar o pagamento de taxas devidas. Essa prática, conhecida como “ponte de recibo,” permitia que o domínio do veículo fosse transferido diretamente do primeiro proprietário para o terceiro comprador, sem a devida comunicação de venda.
Além das fraudes em transferências de veículos, os investigados também realizavam outros crimes contra a administração pública. Eles faziam o cancelamento ilegal de bloqueio de sinistro de grande monta, desbloqueio indevido de embargo de licenciamento, cancelamentos ilegais de comunicados de venda e de intenções de venda, e inclusões indevidas de novos comunicados de venda e de intenções de vendas. Adicionalmente, foram identificados casos de venda de exames toxicológicos falsos e baixas irregulares de multas de trânsito.
A Operação Chave Falsa, deflagrada pela Polícia Civil de Goiás (PCGO), cumpriu 18 mandados de busca e apreensão e oito mandados de prisão temporária contra os suspeitos. As ações foram realizadas em várias cidades, incluindo Goiânia, Anápolis, Trindade, Santa Helena de Goiás, Mozarlândia e Caldas Novas. Até o momento da operação, cinco pessoas já haviam sido presas e três eram procuradas. Além disso, computadores e documentos falsificados foram apreendidos para perícia.
O Detran-GO se manifestou afirmando ser intolerante com desvios de conduta e informou que, em um ano, afastou mais de 100 servidores comissionados e efetivos envolvidos em atos de corrupção. O departamento também colaborou com a Polícia Civil, enviando o caso para investigação após levantamentos preliminares.
As operações destacam a necessidade de um controle mais rigoroso nos processos administrativos relacionados a veículos. A associação criminosa envolvida na falsificação de documentos e outras irregularidades compromete a segurança e a integridade do sistema de trânsito, além de causar prejuízos financeiros ao Detran-GO.