A Polícia Federal (PF) está realizando uma ação que visa investigar um esquema de fraudes na fila do Sisreg em Queimados. Denúncias apontam que funcionários da Secretaria de Saúde utilizavam seus nomes e de familiares para garantir vagas em troca de apoio político. Alguns dos investigados chegaram a ter mais de mil marcações no sistema, incluindo consultas e exames de alta complexidade.
Nesta terça-feira (21), a PF deflagrou a Operação Saúde Eleitoral, com o intuito de apurar as suspeitas de fraudes na fila do Sistema Nacional de Regulação na cidade de Queimados, localizada na Baixada Fluminense. A equipe do RJ2 trouxe à tona o caso na segunda-feira (20).
Os agentes da PF estão cumprindo 9 mandados de busca e apreensão em endereços situados em Queimados e Brasília. Além disso, a Justiça determinou o sequestro e bloqueio de bens, valores e ativos incompatíveis com a renda dos envolvidos, bem como o afastamento de alguns de suas funções públicas ligadas ao esquema ilícito.
Os crimes pelos quais os investigados poderão responder incluem organização criminosa, inserção de dados falsos em sistema de informação e corrupção eleitoral, cujas penas somadas podem alcançar 24 anos de prisão.
A Polícia Federal desvendou um esquema que envolvia a inserção e alteração de dados no Sisreg, burlando a fila de espera por serviços de saúde e favorecendo um grupo político que utilizava as vagas como moeda de troca. O RJ2 realizou entrevistas com ex-funcionários da secretaria de saúde que detalharam o funcionamento do esquema.
Entre os envolvidos, Julio Cesar Gomes Bezerra, ex-subsecretário de gestão estratégica, reservou mais de 340 marcações de saúde entre os anos de 2021 e 2023 em seu próprio nome, mesmo após sua exoneração da Secretaria de Saúde em fevereiro de 2023. Documentos revelam que mesmo sem mais ocupar o cargo, Julio Cesar continuou com acesso ao sistema de marcação de consultas até janeiro de 2024.
A ex-secretária de saúde, Marcelle Nayda Pires Peixoto, é apontada como responsável por manter o acesso de Julio Cesar ao sistema mesmo após sua saída, enquanto a prima da secretária também tinha acesso para realizar inserções e modificações no sistema. Suspeita-se que Marcelle tenha utilizado as marcações de exames para obter vantagens eleitorais durante sua candidatura a vereadora.
A Prefeitura de Queimados declarou que não foi notificada pela Polícia Federal sobre a investigação, mas ressaltou que, ao ter conhecimento das denúncias, afastou todos os servidores citados e instaurou um processo administrativo disciplinar. O município se colocou à disposição das autoridades para colaborar com as investigações. O RJ2 tentou contato com os citados na reportagem, sem obter retorno.