Orçada em quase R$ 5 milhões, obra de pavimentação está há mais de um ano atrasada, em Goiânia

O Residencial Sítio Recreio do Ipê, em Goiânia, é um dos 18 bairros que não possuem pavimentação asfáltica na capital. O setor criado há mais de 30 anos chegou a receber alguns serviços da prefeitura em 2019, fazendo com que os moradores sonhassem com o asfalto. Porém, o sonho não se concretizou e a obra orçada em quase R$ 5 milhões se tornou um pesadelo para os moradores, que cobram da prefeitura a retomada dos serviços.

Em entrevista ao Diário do Estado, o líder comunitário, David Moreira de 50 anos, explicou que a prefeitura estipulou um prazo de 5 meses para asfaltar todo o setor. Entretanto, ele diz que nunca cumpriram com o prometido, e agora, com a chegada do período chuvoso, algumas partes do setor se tornaram “atoleiros” devido ao barro.

“Será que a prefeitura vai deixar a população no barro? Em junho fez um ano que era para ter sido entregue a obra. O asfalto ficou só na placa. Gastaram um dinheirão com terraplanagem, mas não deram seguimento. A população vive um sofrimento danado. Era poeira agora é lama. Esses dias mesmo teve um casamento em uma paroquia do setor que foi prejudicado porque os carros atolaram tudo. Um verdadeiro lamaçal”, disse.

Lamaçal em frente a placa da prefeitura / Foto: Arquivo pessoal

Promessa

O líder comunitário cobra uma resposta definitiva da Prefeitura de Goiânia. Segundo ele, a gestão já prometeu retomar a obra três vezes somente este ano, antes mesmo da chegada das chuvas no estado.

“Secretaria de obras precisa tomar uma atitude para com a população. São mais de 30 anos de espera e sofrimento, quando não é a poeira é a lama. Deus me livre desse prefeito. Cadê a pavimentação asfáltica do Sítio Recreio do Ipê? Isso é um direito da população que paga impostos. O básico”, concluiu.

Placa indicando a obra no setor / Foto: Arquivo pessoal

Setores sem asfaltar

Mesmo sendo a maior cidade de Goiás, Goiânia ainda possui cerca de 18 setores sem pavimentação asfáltica, listados ainda em 2011 na gestão do ex-prefeito Iris Rezende. Na época, foram contabilizados 36 bairros como os únicos sem asfalto, porém, apenas 8 receberam o benefício entre 2018 e 2021.

Por outro lado, 14 bairros estão com o serviço de pavimentação em andamento. Assim, dez anos depois da listagem, a capital conta hoje com pelo menos 18 bairros regulares e sem a pavimentação asfáltica, um dos requisitos básicos para a vida nas cidades.

Os bairros sem asfalto são todos nas periferias da cidade, especialmente nas regiões Norte e Noroeste. Apenas um se encontra na Região Sudoeste, o Residencial Privê das Oliveiras, localizado na saída para Abadia de Goiás. Na mesmas regiões estão localizados os bairros asfaltados nos últimos três anos e aqueles que estão com obras em andamento.

Nota Prefeitura de Goiânia

“A Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra) informa que está reprogramando o contrato com a empresa responsável pela obra no Residencial Sítio Recreio do Ipê para que o trabalho retorne o mais breve possível.

Lembramos que a população pode sempre encaminhar suas reclamações e solicitações pelo aplicativo Prefeitura 24hrs.”

🔔Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp

BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp