Padre Robson de Oliveira e o maior escândalo da Igreja Católica no Brasil

O cristianismo sempre foi, por excelência, a religião da Justiça. Veja bem, o que foi mesmo que Deus escreveu em duas tábuas, para o povo judeu? Seriam receitas de Maná, o pão do céu? Ou talvez mapas para a terra prometida? Não, meus amigos: Deus escreveu, no Monte Horeb, a Lei. 

Por causa dessas duas tábuas, países laicos continuam tendo constituições que dizem: “isso é certo!”, “isso é errado”, ou ainda “isso é um verdadeiro crime!”. Os juízos de valor, quer você queira ou não, são baseados no Deus hebreu. 

Um Deus cuja Lei fundamentou o Direito de todo o Ocidente. “Mas a lei que você aponta ser tão importante não é cristã, é judaica!”. E como bom judeu que era, Jesus Cristo, o cristianismo encarnado, se atreveu a dizer uma vez: “Eu não vim abolir a Lei. Eu vim levá-La à perfeição”. 

Agora chegamos no cerne do conceito de igreja justa por excelência: a única que se atreveu a pegar o Direito Judaico, justíssimo, e ajustá-lo ainda mais. Levá-lo, como foi dito, “à perfeição”. Essa prepotência do Cristo, de aperfeiçoar a Justiça, conferiu à Sua igreja a obrigação, e mais que obrigação, de ser a perfeita lei na terra. 

E é por isso que choca bem mais quando um sacerdote da “Igreja da Lei Perfeita” tropeça na escada da honestidade. Bem mais que Lula roubando dos trabalhadores ou que seu artista favorito com comportamentos detestáveis. E todos, talvez até em maior débito com a justiça, se escandalizam. É normal. 

O que vimos nesta sexta-feira, em Trindade, é o maior escândalo católico em muitos anos no Brasil. “Não roubar”, “não mentir”, “não cobiçar os bens do próximo”: todos esses artigos da Lei estão sendo jogados pelo povo no colo de Padre Robson de Oliveira, como uma bomba que precisa ser desarmada. Ou ainda, como respostas que precisam ser dadas. 

É um triste dia para a fé. Não simplesmente para a fé que é sinônimo de “religião”, mas aquela mais nobre fé, que brota do coração do indivíduo e num ímpeto poderoso, leva-o a dizer “sim, eu acredito!”. Quantos milhões? Há muitas perguntas que podem começar assim. 

Quantos milhões de escandalizados? Quantos milhões de desapontados? Quantos milhões de entristecidos? Quantos milhões estão se aproveitando da desgraça? “Quantos milhões” de vezes devemos acreditar? “Quantos milhões” de vezes devemos perdoar? E a menos importante pergunta para quem acreditou: quantos milhões foram roubados? 

Padre Robson magoou o coração de todas as suas mulheres: as boas avós católicas do Brasil, que não passam sequer um dia sem beber da água que o sacerdote, com todo o poder que lhe foi conferido, abençoa. “Divino padeterno!”, elas devem ter exclamado, muitas vezes, Brasil afora. 

Seria ele um homem de boa fala, e má conduta? Um mensageiro da Verdade, e agente da mentira? Um servo de Deus, contratado pelo diabo? Não se sabe. Ninguém saber dizer, além de Robson e seus possíveis patrões.  

Para as senhoras católicas: os seus milagres foram verdadeiros! Eles só dependiam de vocês mesmas, da fé de vocês e do poder de Deus. Robson foi um canal, e nisso era bom.

Aos faladores nem lá nem cá: é bom que nada seja jogado na cara daqueles que se decepcionaram. E chega das suas patéticas generalizações, sempre ansiosas por encontrar a brecha pela qual se escarnece a fé, e se ridiculariza a religião. Não se pisa em cachorro morto. 

A você que se decepcionou profundamente com Padre Robson, e se diz chateado com a “Igreja”: se você espera nos homens, não esteja na Igreja de Cristo. É duro, mas é assim mesmo. 

E por último, ao Padre Robson: o povo espera as suas explicações, e a aplicação da mais perfeita Justiça, da qual você se fez servo e operário. Você bem sabe que não há mentira que não seja desmascarada. Um monte de vivas à Verdade, essa força imbatível à qual nenhuma mentira resiste!

E aos mentirosos de todos os lugares: estejam avisados.

 

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A crise moral da nova geração de médicos

Médico com máscara.

Por: SARA ANDRADE

Uma jornalista jovem de classe média tem livre circulação nos ambientes frequentados por pessoas com histórias relativamente parecidas: vivendo dentro dos seus vinte anos, formando-se na faculdade e começando carreiras no mercado de trabalho. Nesta bolha, destaca-se a quantidade de moças e rapazes que optaram pelo estudo da medicina.

Estão aí para provar as estatísticas: de 2000 para 2020, o número destes profissionais no Brasil mais que dobrou, passando de 230 mil para meio milhão, segundo resultados do estudo “Demografia Médica no Brasil 2020”, liberado pelo Conselho Nacional de Medicina em parceria com a Universidade de São Paulo.

As milhares de entregas de canudo, tão comemoradas, foram responsáveis por alargar a média de médicos a cada mil habitantes no país: de 1,4 para 2,4, colocando o Brasil no mesmo patamar de nações como Japão ou Polônia, e apenas décimos atrás dos Estados Unidos, com média de 2,6. O que os números não podem mostrar, no entanto, são os pormenores deste fenômeno. Aqui vale o ponto de vista de uma jovem jornalista, e o cenário não é tão simples quanto parece.

A medicina sempre carregou consigo seu bocado de nobreza. Curar doenças, tirar a dor das pessoas, aumentar o tempo e a qualidade de vida: de fato, o jaleco branco pode ser uma espécie metafórica de batina, numa profissão quase sacerdotal, sagrada. Não seria falta de noção falar até em “amor ao próximo”. Muitos jovens estudantes parecem ter esta ideia romântica em mente: ajudar as pessoas através do trabalho de suas vidas. Não é só um emprego: torna-se missão e vocação.

Enquanto isso, outros estudantes de medicina parecem perdidos pelo caminho. Atenção: este é um questionamento aos que em breve serão médicos! Você está verdadeiramente preparado para abrir mão de si, dos seus desejos e caprichos, em prol de um desconhecido? Muitas vezes, seus pacientes serão “impacientes”, inoportunos e sem educação (até porque podem estar sob o efeito de grande dor).

Você pode não ser agradecido, nem reconhecido ou elogiado. Quem sabe até injustiçado. Pense consigo, você pode suportar? Você quer suportar? A sua escolha deve ser como em um casamento: o padre sempre avisa da riqueza e da pobreza, da saúde e da doença: quem diz sim, o diz para tudo.

Com o prestígio do ofício, vêm os abutres. Quantos não estão cursando medicina pelo status social, pelo dinheiro prometido, ou ainda apenas pela experiência da vida festeira de universitário? Tudo isso pode estar no pacote, caso o amor também se faça presente. Sem amor primeiro, é tudo vazio neste coração de doutor. Assim, a indagação martela nas mentes: como um universitário interesseiro e exibido, que nunca se doou a nada, nem a ninguém, pode ser um bom médico? De onde tirará o amor que tudo suporta, que persevera? Ninguém pode dar o que não tem.

Seria possível que um estudante qualquer de medicina, na condição de escravo de aprovação, de likes em redes sociais, incapaz de reconhecer o esforço da família para formá-lo, que só se importa em figurar bem para os amigos nos ambientes sociais… seria possível que disso saia altruísmo, doação e abnegação de si? Doar-se não é lá tão impossível e atos como arrumar a própria cama já são ótimos sinais de ordem interior. A disciplina, a sinceridade, a submissão aos superiores, tão necessárias no dia a dia do médico: tudo isso começa pequeno, mostrando-se no dia a dia do estudante.

Se você não sente obrigação nenhuma para com ninguém, se o mundo inteiro (seus amigos, pais) está sempre errado e você certo, ou se a culpa de seus fracassos, ou más ações, nunca é sua, pobre vítima… falta-te o principal para ser um bom médico: o amor. E este só vem com maturidade, com a compreensão de que sua vida não é para você se entupir de si mesmo, mas um presente ao mundo: ao tiozinho da esquina que sofre, à criança resfriada e à fofoqueira insuportável do bairro. Desse modo, seus dias ganharão um sentido maior.

Muitos reduzem o sucesso na vida ao sucesso profissional. Nada mais equivocado! Quantos não são fracassados com contas bancárias gordas? Isso acontece porque sucesso verdadeiro é ter personalidade, maturidade. E isso só se alcança com consciência moral, que diferencia bem e mal, e que gera noção de dever. Mas o que será de uma geração de jovens médicos que tem horror à própria ideia de moralidade? De ordem? Ou com uma dificuldade imensa de compreender a necessidade de regras, de ritos… Serão eles ricos? É possível. E também miseráveis, porque imaturos e sem personalidade. No fim, ninguém é feliz assim, ou cumpre seu chamado no mundo, sua vocação.

Aliás, o que levaria um jovem médico a doar-se por alguém? Sem sombra de dúvidas, a certeza da dignidade da vida humana, e o conhecimento da sua transcendência. Infelizmente, esta geração tem receio até mesmo de dizer que uma vida humana vale mais que a vida de um papagaio, ou de uma lesma. Como amar o humano, se não se sabe o que ele é, ou quanto vale? Ingênuo pensar que um estudante imaturo e incapaz de amar tornaria-se imediatamente amoroso e dedicado pelo toque mágico do diploma em suas mãos.

Essa dinâmica se aplica a todas as profissões, mas o médico deve ser o primeiro da fila a entender a vida. Porque muitas vezes, ela está em suas mãos. Um bom exemplo a guiar os novatos de consultório pode ser São Lucas. Médico, artista e historiador. Com uma vida inteira doada ao conhecimento da verdade humana. Que a paixão pela beleza da existência também inspire você a cada dia, jovem médico, e te leve ao amor maior. Especialmente neste dia 18, dia do médico e de São Lucas, padroeiro da honrosa missão de curar.

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