Durante investigação da Polícia Federal sobre disseminação de fake news, foi constatado que contas de apoio ao presidente Jair Bolsonaro, removidas pelo Facebook em julho de 2020 por ações ”inautênticas”, foram acessadas pela internet de diversos órgãos públicos como a Câmara dos Deputados, Senado e até mesmo a residência de Bolsonaro no Rio de Janeiro. O inquérito foi concluído pela PF e divulgado pelo Estado de S. Paulo nesse domingo (6).
Foram identificados ao menos 1.045 acessos de contas ”inautênticas” ligadas a aliados do presidente Jair Bolsonaro. Além disso, ao analisar perfis apontados como falsos, os investigadores conseguiram identificar assinantes de redes privadas das quais partiram 844 acessos, uma delas ligado à primeira-dama Michelle Bolsonaro.
A PF aponta a primeira dama, Michelle, como assinante da provedora de internet na qual foi acessada a conta ”Bolsonaro News” e o perfil de Tercio Arnaud Thomaz, assessor da presidente. Também consta na lista um assessor parlamentar lotado no gabinete de Flávio Bolsonaro, Fernando Nascimento Pessoa, que teria acessado de sua internet as contas ‘SnapNaro’, ‘Trump We Trust’, ‘DiDireita’, ‘Tudo é Bolsonaro’, ‘Porque o Bolsonaro?’ e ‘Snapressoras’.
O Facebook afirma que a remoção das contas está ‘em consonância com as medidas previstas para a seguinte tipologia estabelecida pela empresa’: “operações executadas por um governo para atingir seus próprios cidadãos. Isso pode ser particularmente preocupante quando combinam técnicas enganosas com o poder de um Estado”.
Entre os 15 mil acessos selecionados para análise, a PF identificou que 1.045 deles partiram de órgãos públicos: o comando da 1ª Brigada de Artilharia Antiaérea, a Presidência da República, a Câmara dos Deputados, o Senado e a Câmara dos Vereadores do Rio. Foi verificado a internet de todos os órgãos, com exceção da rede do Senado, onde uma das contas foi acessada pelo assessor Tercio.
As informações foram constatas em relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal pela delegada Denisse Dias Rosa Ribeiro em dezembro. No documento de 154 páginas, a delegada descreve achados da PF, com base no relatório da Atlantic Council – instituição que realiza análise independente de remoções do Facebook por comportamento inautêntico coordenado – ao tratar de uma das hipóteses criminais sob suspeita no inquérito dos atos antidemocráticos.