Última atualização 20/10/2023 | 12:07
Em paralisação desde o início de outubro e em greve geral desde quinta-feira, 19, servidores administrativos e professores da educação municipal de Senador Canedo reivindicam a revogação de uma medida da Prefeitura que aumenta a carga-horária e reduz o salário dos professores, bem como a inclusão dos servidores administrativos na pasta da Educação com plano de carreira.
Além disso, os professores também relatam que a infraestrutura das escolas está precária tanto para alunos quanto para os servidores. Ao Diário do Estado (DE), Gyannini Jácomo, professor de língua portuguesa e literatura, concedeu uma entrevista relatando que a situação da estrutura das escolas no município é precária.
“Para nós não há a possibilidade de ter uma escola onde o banheiro é insalubre para as crianças e para os trabalhadores. Não há a possibilidade de salas de aulas não serem seguras, de que não haja salubridade adequada com ventiladores, que a merenda escolar seja de qualquer maneira”, relatou.
Um velho problema
Essa situação não é recente. No final de 2022, o Diário do Estado (DE) divulgou um vídeo que mostrava o alagamento em uma escola que havia acabado de ser reformada pela prefeitura. Nas imagens, é possível ver o vazamento no telhado do pátio coberto da instituição após chuva que causou problemas estruturais nos banheiros, como rachaduras no teto. “Essas situações são a regra, outras escolas foram construídas e reformadas, mas mesmo assim apresentam problemas”, declara o professor.
Gyannini explica ainda que há duas possibilidades da prefeitura de Senador Canedo adquirir mais recursos para educação como o Educação em Tempo Integral, do Ministério da Educação (MEC), e o Mais Culturas, do Ministério da Cultura (MinC).
“O Educação em Tempo Integral não é a mesma coisa de escola em tempo integral, é uma política de contraturno que disponibiliza recursos para projetos de várias matrizes, que vai de aulas de violão até capoeira, por exemplo. E o Mais Culturas é para desenvolvimento de projetos nas escolas com repasse direto, não pode pagar salário ou bônus, mas pode comprar equipamentos como TV, som, Datashow, para o desenvolvimento dos projetos culturais na escola”, finaliza.
Greve na educação
O professor explica que a categoria quer um plano de cargos e renumerações transparente sobre as progressões, carga horária de 20 horas-aula, sem a redução do valor do salário, equipamentos de proteção individual (EPI’s) para os administrativos e reajuste real do salário, sem equiparação ao salário mínimo.
De acordo com o professor, a prefeitura de Senador Canedo não apresentou proposta para as reinvindicações da categoria até o momento. “Ao contrário, a prefeitura tenta o tempo todo deslegitimar, humilhar, desqualificar a categoria. A nossa proposta é: apresente um plano de recuperação das escolas e o PCR dos administrativos e docentes”, explica.
O professor afirma que o movimento de paralisação enfrenta ainda outro empecilho: a associação que representa a categoria está com muitos processos judiciais impedindo que liderem manifestações. Em razão disso, os professores e servidores administrativos estão paralisando de forma independente.
“A perseguição à associação dos trabalhadores da educação é permanente, umas dez ações judiciais impedem a entidade de se manifestar. Então, nós, administrativos e professores, tomamos a responsabilidade de tocar essa luta, que não é nossa, mas da cidade. Não somos empregados do prefeito e do secretário, somos servidores da cidade de Senador Canedo, com muito orgulho, mas o executivo tem que cumprir a Lei”, afirma.
Posicionamento da prefeitura
O professor informou que havia marcada uma nova reunião para negociar as reivindicações nesta sexta-feira, 20, mas a Prefeitura desmarcou o encontro. A redação do DE tentou entrar em contato duas vezes com a prefeitura por meio do telefone da Secretaria Municipal de Educação e Cultura, mas ninguém atendeu no número informado no site. Houve também o envio de e-mail ao endereço eletrônico disponível no site, mas sem resposta até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto para manifestações.
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