Afastada, promotora do caso de aborto em menina de 11 anos responde processos administrativos

Há cerca de uma semana, a promotora Mirela Dutra Alberton foi afastada do caso relacionado a um aborto de uma menina de 11 anos que foi vítima de estupro em Santa Catarina. A insistência dela e da juíza Joana Zimmer para que a menina desistisse do procedimento e aguardasse o desenvolvimento do feto antes de induzir o parto causou bastante polêmica dentro e fora da internet.

Alberton está respondendo a dois processos administrativos, sendo um deles no Ministério Público de Santa Catarina e outro na corregedoria do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Dois dias após a cirurgia autorizada em seguida a embates judiciais, ela chegou a pedir que a Polícia recolhesse os restos mortais para que uma investigação determinasse a causa da morte. No entanto, o aborto estava previsto em lei e não haveria crime a ser apurado. A informação é do The Intercept Brasil e do Portal Catarinas.

No vídeo de uma audiência, a abordagem da promotora Alberton, o foco é a morte do feto, caso a menina insista com o processo. Já a magistrada chega a argumentar com a mãe da vítima que o bebê pode ser a alegria de uma família adotante. Em quase 15 minutos de audiência, a menina prefere o silêncio na maior parte do tempo e se manifesta estritamente de forma monossilábica quando é chamada a responder. A mãe da menina, por outro lado, é clara em expor a vontade de interromper a gestação.

A mãe da garota desconfiou da gestação quando notou sintoma como enjoo constante e crescimento da barriga da menor de idade. Ela providenciou um teste na farmácia e constatou a gravidez de 22 semanas, mas o aborto foi negado em um hospital. A justificativa é que a legislação autoriza o procedimento apenas até a 20ª semana, ou seja, somente até o quinto mês. Atualmente, ela está com cerca de 30 semanas quando ocorreu a interrupção da gravidez.

O pai do feto pode ser um adolescente de 13 anos. A Polícia Civil catarinense recolheu amostras de DNA dele para confirmar a suspeita. O resultado pode levar mais de 30 dias para ser divulgado. Se houver a confirmação, ele poderá ser submetido a medidas socioeducativas.

Relembre a audiência em que juíza e promotora insistem em proibir aborto legal:

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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