Recolhimento do livro “Avesso da Pele” gera discussão entre deputados na Alego

Recolhimento do livro “Avesso da Pele” gera discussão entre deputados na Alego

A Secretaria de Estado da Educação de Goiás (Seduc) anunciou, nesta quarta-feira, 6, a decisão de recolher o livro “O Avesso da Pele”, que estava na lista de obras literárias aprovadas pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) em 2022. Decisão esta que gerou discussão entre os deputados Amauri Ribeiro (UB) e Bia de Lima (PT) Assembleia Legislativa de Goiás (Alego).

A determinação da Seduc veio após a secretaria receber solicitações de informações sobre o conteúdo do livro. A discussão sobre a adequação chegou ao conhecimento de deputados de direita em Goiás, que questionaram expressões, jargões e descrições de cenas de sexo na obra, argumentando que esses elementos não seriam apropriados para menores de 18 anos.

Discussão entre deputados

Nesta terça-feira, 5, o deputado Amauri Ribeiro utilizou trechos do livro em discurso na tribuna da Alego. Apoiador do ex-presidente Bolsonaro, ele seguiu o exemplo de deputados federais que haviam criticado a obra. Rotulou o livro como “porcaria” e “pornografia”, exigindo a retirada imediata das escolas.

Já a deputada Bia de Lima, também presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego), rebateu as afirmações do deputado de direita. “O deputado que tem mente suja vem aqui dizer que é professor. A discussão na escola não passa por essa coisa suja que talvez o deputado esteja acostumado”, argumentou.

Controvérsias 

O livro “O Avesso da Pele”, escrito por Jeferson Tenório e vencedor do Prêmio Jabuti 2021, gerou controvérsias após ser incluído no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) para professores e estudantes de escolas públicas em todo o Brasil.

A polêmica teve início quando Janaina Venzon, diretora da Escola Ernesto Alves, em Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul, divulgou um vídeo criticando a obra de Tenório. No vídeo, ela destaca trechos de “O Avesso da Pele” que considera conter “vocabulário de baixo nível”.

“Lamentável o Governo Federal através do MEC adquirir esta obra literária e enviar para as escolas com vocabulários de tão baixo nível para serem trabalhados com estudantes do ensino médio”, escreveu Janaina na legenda do vídeo.

Análise dos livros

Conforme anunciado pela Seduc, o processo de avaliação será conduzido pelas Coordenações Regionais de Educação (CREs) para determinar a adequação do material e sua eficácia no desenvolvimento da aprendizagem dos estudantes.

A secretaria afirmou que realizará a leitura e análise para decidir se o livro será ou não distribuído.

A Secretaria de Comunicação Social (Secom) do governo federal emitiu uma nota na última sexta, 2, destacando que “peças de desinformação estão repercutindo de maneira deturpada a escolha da obra O Avesso da Pele como material a ser adotado em salas de aula em todo o Brasil”.

A nota esclarece que o livro foi incluído no PNLD, financiado pelo FNDE, através de uma portaria de setembro de 2022, assinada pelo então secretário de educação básica substituto, Gilson Passos de Oliveira, após passar por uma seleção anunciada em edital de 2019, durante o governo do presidente Jair Bolsonaro.

Além disso, a Secom ressalta que a escolha das obras literárias a serem adotadas em sala de aula é feita pelos educadores de cada escola, com base em um guia digital que lista os livros do programa para conhecimento de professores e gestores.

🔔Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp

Ponte TO-MA: Agência irá avaliar qualidade da água de rio após queda de ponte

A Agência Nacional de Águas (ANA) anunciou nesta terça-feira, 24, que está avaliando a qualidade da água no Rio Tocantins, na área onde desabou a ponte Juscelino Kubitschek, entre os municípios de Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA). Essa medida se justifica devido à informação de que alguns dos caminhões que caíram no rio após a queda da ponte carregavam pesticidas e outros compostos químicos.

O foco das análises está no abastecimento de água a jusante (rio abaixo) a partir do local do acidente. A ANA, em conjunto com a Secretaria de Meio Ambiente do Maranhão, vai determinar os parâmetros básicos de qualidade da água e coletar amostras para as análises ambulatoriais. O objetivo é detectar os principais princípios ativos dos pesticidas potencialmente lançados na coluna d’água do rio Tocantins.

As notas fiscais dos caminhões envolvidos no desabamento apontam quantidades consideráveis de defensivos agrícolas e ácido sulfúrico na carga dos veículos acidentados. No entanto, ainda não há informações sobre o rompimento efetivo das embalagens, que, em função do acondicionamento da carga, podem ter permanecido intactas.

Devido à natureza tóxica das cargas, no domingo e segunda-feira, 23, não foi possível recorrer ao trabalho dos mergulhadores para as buscas submersas no rio. O Corpo de Bombeiros do Maranhão confirmou nesta terça-feira, 24, a morte de quatro pessoas (três mulheres e um homem) e o desaparecimento, até o momento, de 13 pessoas.

Sala de crise

Na quinta-feira, 26, está prevista a reunião da sala de crise para acompanhamento dos impactos sobre os usos múltiplos da água decorrentes do desabamento da ponte sobre o rio Tocantins. Além da própria ANA, outros órgãos participam da sala de crise, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama), o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e o Ministério da Saúde.

O Dnit está com técnicos no local avaliando a situação para descobrir as possíveis causas do acidente. Segundo o órgão, o desabamento foi resultado porque o vão central da ponte cedeu.

Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp