Última atualização 13/04/2022 | 16:27
A pergunta da maioria das pessoas para os recorrentes casos de massacre e ameaça de massacre em escolas é “por quê?”. Em Goiânia, dois adolescentes foram indiciados nesta semana por terem planejado um atentado na escola estadual onde estudavam. O caso mais chocante foi o do Colégio Goyazes, quando um garoto de 14 anos matou dois colegas e feriu outros quatro em uma chacina há cinco anos. No ano passado, dez massacres foram evitados no Brasil e oito foram confirmados nos últimos dez anos.
Esse tipo de situação pode ser compreendida como um grito de socorro, segundo a psicóloga Carolina Ribeiro. Ela explica que a ação não é premeditada, mas uma reação a um histórico bastante complexo do adolescente somado a questões de hábitos de vida. O bullying, inclusive, é citado como uma das formas de violência geradoras de tragédias. Uma simples pesquisa na internet revela que se trata de um problema em nível nacional com os mesmos elementos, basicamente.
“O outro não se comporta atacando para fazer mal, mas para se proteger, se resguardar. Nem todos são psicopatas. É necessário avaliar o meio social, os traumas, como é a relação familiar, possíveis transtornos não tratados…A ansiedade mesmo pode desencadear fobia social e comportamento agressivo e impulsivo. Nesse contexto, qualquer situação pode ser uma ‘gatilho’, como uma simples brincadeira de colega em que um passa a xingar o outro. Há todo um histórico por trás. Isso não acontece ‘do nada’”, diz.
Carolina destaca que o isolamento promovido por jogos online, internet e demais telas rodeando o adolescente precisam ser levados em consideração. Os comentários da família sobre ele também pesam muito porque, em vez de acolher, podem afastar a pessoa quando passa a ser taxada como estranha, problemática ou esquisita. A estratégia mais indicada seria usufruir de um tempo de qualidade para criar vínculos de relacionamento. Essa aproximação, de acordo com a especialista, gera confiança e o menor pode ser sentir confortável para desabafar sobre o que o aflige.
“Não basta beijar, abraçar e dizer que ama. Os pais ou responsáveis podem simplesmente se sentar juntos aos filhos e conversarem, sem outras distrações. Ele vai se sentir amado. É o momento propício para criar espaço entre os envolvidos e ouvir antes de possíveis situações de conflito. Por isso, os adolescentes e as famílias precisam de psicoterapia. Só assim saberão lidar com a situação até porque não há cura e sim controle”, pontua.