Saúde mental: SC teve 16 mil afastamentos do trabalho por ansiedade e depressão
em 2024
Ao longo do ano passado, estado registrou 33.461 licenças médicas concedidas para tratamento de transtornos mentais. O índice é o 4º maior do país.
O número de afastamentos por ansiedade e depressão é o maior em 10 anos no Brasil
Apesar de ser somente o 10º estado mais populoso do Brasil, Santa Catarina ficou em 4º lugar em 2024 nos números absolutos de afastamentos do trabalho por questões de saúde mental. Os dados do Ministério da Previdência Social, obtidos com exclusividade pelo DE, revelam uma crise com impacto direto na vida de funcionários e de empresas.
No último ano, foram 33.461 licenças médicas concedidas para saúde mental, com ansiedade (8.087) e depressão (8.587) liderando as doenças que motivaram os benefícios por incapacidade temporária, o antigo auxílio-doença.
Afastamentos por transtornos mentais em Santa Catarina em 2024
1. Depressão – 8.541 concessões 2. Ansiedade – 8.087 concessões 3. Transtorno bipolar – 5.697 concessões 4. Depressão recorrente – 5.079 concessões 5. Vício em drogas – 1.958 concessões 6. Reações ao “stress” grave e transtornos de adaptação – 1.243 concessões 7. Alcoolismo – 846 concessões 8. Vício em cocaína – 767 concessões 9. Esquizofrenia – 752 concessões 10. Transtornos do humor – 491 concessões
Em todo o país, foram quase meio milhão de afastamentos em 2024, com Santa Catarina atrás apenas de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
Os dados mostram que, no último ano, os transtornos mentais chegaram a uma situação incapacitante como nunca visto. Na comparação com o ano anterior, as 472.328 licenças médicas concedidas pelo INSS representaram um aumento de 68%.
Não há uma explicação para o índice de cada estado, mas especialistas lembram que no caso do Rio Grande do Sul, por exemplo, houve uma tragédia: a enchente que matou centenas de pessoas e deixou milhares sem casa, afetando diversas esferas da vida dos trabalhadores.
Os dados representam afastamentos e não trabalhadores. Isso porque uma pessoa pode tirar mais de uma licença médica no mesmo ano e esse número é contabilizado mais de uma vez.
Procurado pelo DE, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) não informou quanto de sua verba foi revertida em assistência à saúde mental. Apesar disso, esclareceu que as pessoas passaram, em média, três meses afastadas, recebendo cerca de R$ 1,9 mil por mês. Considerando esses valores, o impacto pode ter chegado a até quase R$ 3 bilhões em 2024.
Os dados do INSS permitem traçar um perfil dos trabalhadores atendidos: a maioria é mulher (64%), com idade média de 41 anos, e com quadros de ansiedade e de depressão. Elas passam até três meses afastadas do trabalho.
Por outro lado, não foi possível fazer recortes por raça, faixa salarial ou escolaridade, pois os dados não foram informados pelo INSS.
Para não depender somente de iniciativas e também cobrar mais responsabilidade dos gestores, o Governo Federal anunciou a atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), que apresenta as diretrizes de saúde no ambiente do trabalho.
Com as atualizações, o Ministério do Trabalho passa a fiscalizar os riscos psicossociais no processo de gestão de Segurança e Saúde no Trabalho (SST), o que pode, inclusive, acarretar em multa para as empresas caso sejam identificadas questões como: metas excessivas, jornadas extensas, ausência de suporte, assédio moral, conflitos interpessoais, falta de autonomia no trabalho, condições precárias de trabalho