Press "Enter" to skip to content

Sem aulas e merenda escolar, férias pressionam orçamento familiar

Última atualização 12/07/2022 | 09:31

A convivência com os filhos em julho tem sido angustiante para muitas famílias que perdem as escolas como suporte de cuidado e alimentação para as crianças e adolescentes. Os gastos com comida têm exercido a maior pressão no orçamento, principalmente com a alta dos preços ocasionada pela inflação geral acumulada no último ano superior a 12%. O preço do leite no varejo, por exemplo, extrapolou R$ 8 em alguns estabelecimentos comerciais.

Atualmente, menos de 30% das crianças entre 2 e 9 anos fazem três refeições por dia no Brasil, conforme dados publicados no mês passado pela Rede Penssan.

Mães como Jardênia Silva dependem das refeições oferecidas na escola para ajudar no orçamento já que sustenta a casa sozinha. A diarista não tem a ajuda do pai das crianças para alimentar adequadamente três dos seis filhos que moram com ela em Senador Canedo: um adolescente de 18 anos, um menino de 7 e uma garota de 5 anos de idade.

“Estou gastando mais com comida agora nas férias deles. Não sei precisar exatamente em quanto porque vou ao supermercado quando tenho um dinheirinho e compro exatamente o que dá, no caso, só o básico mesmo. Fruta e verdura eu não compro há muito tempo. Salgadinho e refrigerante é muito difícil levar para casa. Eles pedem sempre muito leite, achocolatado, banana…”, afirma.

A situação é a mesma vivenciada por Gabriela Dias, que tem três crianças em casa, sendo uma de 7 anos, outra de 3 anos e uma bebê de 1 ano e 8 meses. Segundo ela, as maiores despesas nesse período são com as chamadas besteiras. As preferidas são bolacha, salgadinhos e pães.

“Estou evitando levá-las ao mercado para tentar reduzir os gastos. Elas acabam pedindo tudo o que veem pela frente. Vou ao mercado um dia sim um dia não e a cada vez que eu vou fica em média de R$ 100 a R$ 200 . Meu marido quase morre, mas as coisas estão muito caras”, frisa.

Substituições

O atual contexto socioeconômico realmente compromete bastante a renda das famílias não apenas com comida, mas também com energia elétrica. O desespero pode ser retratado pelo números de goianos pleiteando o Auxílio Brasil que triplicou de março para abril deste ano. A chamada demanda reprimida saltou de 68.189 para 187.693 pessoas, de acordo com estudo técnico da Confederação Nacional dos Municípios (CNM). 

“Considerando os recentes reajustes nos preços e nas tarifas, essas férias têm tudo para serem problemáticas para os pais. A recomendação é sempre a substituição dos itens por outros mais em conta. Produtos importados sofrem o efeito da oscilação do dólar, então procure substituir por itens nacionais”, sugere o planejador financeiro José Mário Carvalho que destaca ainda os gastos com lazer, como passeios e/ou viagens. 

A explicação técnica para a sensação de dinheiro mais curto são a desvalorização do real frente ao dólar e o aumento do preço dos combustíveis, o que impacta a logística brasileira feita sobre caminhões, majoritariamente, movidos a diesel.

De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Educação de Goiânia, a entrega de doações de cestas básicas, a exemplo do que ocorreu nos últimos dois anos de ensino remoto devido à pandemia, não é possível. “O recurso da merenda é federal e é enviado apenas para os meses letivos”, informaram.