Sergio Moro e procuradores da Lava Jato entram na mira do STF; entenda

Ex-juiz Sérgio Moro: PGR aponta para um possível desvirtuamento das decisões na Lava Jato (Foto: Agência Brasil/Arquivo)

O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), ordenou a abertura de um inquérito para apurar acusações de irregularidades e crimes envolvendo o ex-juiz Sergio Moro e procuradores do Ministério Público Federal (MPF) nas operações da Lava Jato. A medida da Suprema Corte atende pedidos da Polícia Federal e da Procuradoria-Geral da República (PGR).

A decisão, datada de 19 de dezembro, permanece em sigilo e foi revelada pelo G1 e confirmada pela CNN. O empresário Antônio Celso Garcia acusou Moro de parcialidade em processos no Paraná, resultando na suspensão de processos contra Garcia na 13ª Vara Federal de Curitiba e no TRF-4.

As acusações envolvem práticas como escutas ambientais, entrega de gravações clandestinas e suposta cooptação de colaboradores. A PF solicitou a investigação de crimes como concussão, fraude processual, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

Em setembro, Garcia pediu a anulação de atos praticados por Moro, alegando ter sido um “colaborador infiltrado”. A PF defende a oitiva de Moro, sua esposa Rosângela Moro, a juíza Gabriela Hardt e o ex-deputado Deltan Dailagnol. Membros da Força-Tarefa da Lava Jato também devem depor.

Se as alegações de Garcia forem comprovadas, a PGR aponta para um possível desvirtuamento das decisões na Lava Jato. O empresário, anteriormente investigado no caso Garibaldi, afirmou ter sido um “laboratório” para as táticas ilegais de Moro, conforme seu acordo de colaboração premiada homologado pelo ex-juiz.

Defesa

Moro disse, por meio de nota, que sua defesa ainda não teve acesso aos autos do processo. Como em ocasiões anteriores, Moro afirmou que “não houve qualquer irregularidade no processo de quase vinte anos atrás”.

No texto, Moro acrescenta que “nega, ademais, os fatos afirmados no fantasioso relato do criminoso Tony Garcia, a começar por sua afirmação de que ‘não cometeu crimes no Consórcio Garibaldi’”.

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PF investiga general ligado ao governo Bolsonaro por imprimir plano para matar Moraes, Lula e Alckmin no Planalto

A Polícia Federal (PF) revelou que o general Mário Fernandes, ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência e ex-ministro interino do governo Bolsonaro, teria impresso no Palácio do Planalto um “plano operacional” para assassinar o ministro Alexandre de Moraes, do STF, além do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente Geraldo Alckmin. Denominado “Punhal Verde e Amarelo”, o plano de três páginas foi encontrado no gabinete da Secretaria-Geral. Fernandes foi preso na manhã desta terça-feira (19).

De acordo com a PF, o documento, salvo sob o título “Plj.docx” (referência à palavra “planejamento”), detalhava a execução do plano. Além disso, outros arquivos sensíveis, como “Fox_2017”, “Ranger_2014” e “BMW_2019”, foram localizados na pasta “ZZZZ_Em Andamento”, que a polícia interpretou como um indício de que as ações estavam em fase ativa. Curiosamente, os nomes dos arquivos remetiam a veículos pessoais do general, segundo o relatório policial.

A defesa de Mário Fernandes ainda não se pronunciou sobre o caso.

Operação e alvos

A operação desta terça-feira prendeu quatro militares e um policial federal, todos investigados por ligação com um suposto grupo denominado “Kids Pretos”, formado por integrantes das Forças Especiais. O grupo é acusado de planejar o assassinato de lideranças políticas após a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022.

Ao todo, a operação cumpriu cinco mandados de prisão preventiva, três mandados de busca e apreensão e determinou 15 medidas cautelares, incluindo a entrega de passaportes e a suspensão de funções públicas dos envolvidos. Entre os alvos estão Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo, além do policial federal Wladimir Matos Soares.

A investigação faz parte de um inquérito mais amplo que apura possíveis tentativas de golpe de Estado relacionadas à eleição de 2022.

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