Última atualização 06/02/2022 | 00:14
Uma servidora do CMEI Center Ville denuncia relutância da Secretaria Municipal de Educação de Goiânia (SME) em manter a instituição aberta mesmo com surto de casos de covid entre crianças e funcionários. De acordo com ela, uma representante da pasta teria orientado os profissionais a trabalharem remotamente mesmo afastados das atividades presenciais por atestado médico.
A mulher não quer se identificar por medo de represália. Ela reclama da incoerência da suspensão do atendimento presencial na Secretaria Municipal de Administração (Semad), desde a publicação de uma portaria em 20 de janeiro, enquanto a creche continua atendendo as crianças, na sua maioria não vacinadas. O documento justifica a decisão pelo surgimento de novas variantes do coronavírus e “transmissão comunitária, com maior transmissibilidade, acarretando maior número de casos”.
“As escolas e CMEIs ficaram de fora desse documento. No CMEI onde trabalho com muito custo foi fechado nesta semana porque tem mais de oito pessoas positivas para covid e dois casos de dengue. O CMEI Oriente Ville também está fechado pelo mesmo motivo. A Semad só atende os funcionários e quase não tem atendimento presencial. Lá quase não teve casos de contaminação. Por que CMEIs e escolas, onde o contato é imediato e constante, não entraram nesse documento?”, diz. De acordo com a Prefeitura de Goiânia, apenas 30% do público de crianças a partir de 5 anos foram vacinadas contra a covid.
Déficit de profissionais
A servidora alega que o déficit de profissionais tem sido resolvido com a junção de crianças de turmas diferentes, o que causa aglomeração. A mulher relata que a apoio pedagógico da SME informou que a orientação da pasta para profissionais afastados é a obrigatoriedade do trabalho do servidor mesmo com o documento médico. Enquanto isso, o distanciamento entre as pessoas na instituição é impossível.
“Se choram, como vou consolar a um metro de distância? Temos que pegar no colo, acalentar, consolar…Alguns pais mandam o filho para o CMEI mesmo com sintomas como coriza. Quando são acionados para buscar a criança, eles não vão. Não tem como manter o distanciamento também porque as salas são pequenas e tem 26 crianças matriculadas. Os banheiros não têm condições infraestruturais e ficam alagados a ponto de nós, profissionais, ficarmos tão molhados quanto elas e as crianças não terem como se vestir. Isso porque foi inaugurado em 2019 e entregue em maio de 2020”, pontua.
Falta de EPI e de testagem frequente
A mulher denuncia também falta de Equipamento de Proteção Individual (EPIs) e também a ausência de testagem para servidores e crianças. Ela afirma que os funcionários receberam no ano passado apenas duas máscaras de tecido, botas e um protetor facial compartilhado por sala usado por uma profissional no turno matutino e outro vespertino.
”Não disponibilizam testagem para servidor. Um das minhas colegas até questionou a diretora sobre os gastos que teve com medicamento e com a testagem paga na rede particular do nosso bolso”, diz.
Em nota, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego) informa que o protocolo de segurança é claro. “Mais de 6 casos confirmados tem que fechar a escola ou o CMEI pelo período de 7 dias. Estamos atuando em todas as denúncias e em todas que chegaram ao sindicato foram fechadas por esse período. Solicitamos que todas as instituições que se encontram nesses casos entrem imediatamente em contato conosco”.
A reportagem do Diário do Estado entrou em contato com a SME sobre as denúncias, mas não tivemos reposta até a publicação desta edição.