Servidora denuncia CMEIs abertos mesmo com casos de covid em crianças e funcionários

Uma servidora do CMEI Center Ville denuncia relutância da Secretaria Municipal de Educação de Goiânia (SME) em manter a instituição aberta mesmo com surto de casos de covid entre crianças e funcionários. De acordo com ela, uma representante da pasta teria orientado os profissionais a trabalharem remotamente mesmo afastados das atividades presenciais por atestado médico.

A mulher não quer se identificar por medo de represália. Ela reclama da incoerência da suspensão do atendimento presencial na Secretaria Municipal de Administração (Semad), desde a publicação de uma portaria em 20 de janeiro, enquanto a creche continua atendendo as crianças, na sua maioria não vacinadas. O documento justifica a decisão pelo surgimento de novas variantes do coronavírus e “transmissão comunitária, com maior transmissibilidade, acarretando maior número de casos”.

“As escolas e CMEIs ficaram de fora desse documento. No CMEI onde trabalho com muito custo foi fechado nesta semana porque tem mais de oito pessoas positivas para covid e dois casos de dengue. O CMEI Oriente Ville também está fechado pelo mesmo motivo. A Semad só atende os funcionários e quase não tem atendimento presencial. Lá quase não teve casos de contaminação. Por que CMEIs e escolas, onde o contato é imediato e constante, não entraram nesse documento?”, diz. De acordo com a Prefeitura de Goiânia, apenas 30% do público de crianças a partir de 5 anos foram vacinadas contra a covid.

Déficit de profissionais

A servidora alega que o déficit de profissionais tem sido resolvido com a junção de crianças de turmas diferentes, o que causa aglomeração. A mulher relata que a apoio pedagógico da SME informou que a orientação da pasta para profissionais afastados é a obrigatoriedade do trabalho do servidor mesmo com o documento médico.  Enquanto isso, o distanciamento entre as pessoas na instituição é impossível.

“Se choram, como vou consolar a um metro de distância? Temos que pegar no colo, acalentar, consolar…Alguns pais mandam o filho para o CMEI mesmo com sintomas como coriza. Quando são acionados para buscar a criança, eles não vão. Não tem como manter o distanciamento também porque as salas são pequenas e tem 26 crianças matriculadas. Os banheiros não têm condições infraestruturais e ficam alagados a ponto de nós, profissionais, ficarmos tão molhados quanto elas e as crianças não terem como se vestir. Isso porque foi inaugurado em 2019 e entregue em maio de 2020”, pontua.

Falta de EPI e de testagem frequente

A mulher denuncia também falta de Equipamento de Proteção Individual (EPIs) e também a ausência de testagem para servidores e crianças. Ela afirma que os funcionários receberam no ano passado apenas duas máscaras de tecido, botas e um protetor facial compartilhado por sala usado por uma profissional no turno matutino e outro vespertino.

”Não disponibilizam testagem para servidor. Um das minhas colegas até questionou a diretora sobre os gastos que teve com medicamento e com a testagem paga na rede particular do nosso bolso”, diz.

Em nota, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego)  informa que o protocolo de segurança é claro.  “Mais de 6 casos confirmados tem que fechar a escola ou o CMEI pelo período de 7 dias. Estamos atuando em todas as denúncias e em todas que chegaram ao sindicato foram fechadas por esse período. Solicitamos que todas as instituições que se encontram nesses casos entrem imediatamente em contato conosco”.

A reportagem do Diário do Estado entrou em contato com a SME sobre as denúncias, mas não tivemos reposta até a publicação desta edição.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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