Tráfico de drogas e armas corre solto nas plataformas digitais

Tráfico de drogas e armas corre solto nas plataformas digitais

O tráfico interestadual e internacional encontrou na Internet um meio eficaz para desovar seus produtos ilícitos. As plataformas digitais, que, em tese, servem para aproximar as pessoas e melhorar a comunicação global, agora são usadas por traficantes de drogas e armas. Entorpecentes como a maconha, LSD, skank, cocaína, entre tantos outros, são vendidos e anunciados aos montes em grupos de WhatsApp e Telegram, numa espécie de cracolândia cibernética.

No espaço, que reúne traficantes, usuários de drogas e criminosos faccionados, inclusive, do Primeiro Comando da Capital (PCC), tudo é ‘legalizado’, desde os anúncios das drogas, que variam de acordo com qualidade e quantidade, até a venda de armamento pesado, como granadas, pistolas, revólveres e até fuzis de uso restrito das forças armadas.

É isso mesmo. A velha ‘boca de fumo’ tem perdido largamente o espaço para o comércio virtual de entorpecentes, no qual, drogas de todos os tipos, principalmente ecstasy e maconha, são enviados para todo o Brasil. Os produtos são rastreados pelos próprios vendedores e compradores, desde o momento da partida até a chegado ao destino final.

Organizados e com tabelas de preços, alguns ‘comerciantes’ anunciam o produto com o frete por conta do comprador. Outros não cobram a entrega, realizada pelos Correios ou diretamente em mãos. O quilo da maconha, uma das drogas mais comuns no país, é vendido em Goiás por membros do PCC a R$ 8 mil. O peixe, como é chamada a cocaína, por outro lado, é comercializada pela facção a R$ 14 mil o kg. Eles justificam o preço:

“Tá ligado, vead*? A gente corre com os cara do Paraguai, ladrão. Nós temos uns parça lá, saca? Mas nós tem que ter o mínimo de confiança. Coloca a gaso que a gente cola ai na sua quebrada, eu e o meu parceiro, demoro? Estamos com quatro carro parado de mercadoria aqui em Rio Verde. Buscamos 25 quilos de maconha e 18 de pó esses dias, mas vamos buscar mais essa semana, vead*. Aqui é PCC, nós corre com PCC, pode crê!”, explica, por telefone, o traficante.

 

Na conversa, ele ainda se refere a uma facção rival e aos contatos que garantem o suposto sucesso dos negócios. “CV (Comando Vermelho) não tem vez não. Vamos fechar a parceria, mano. Pode ficar tranquilo. Os policia faz nossa segurança, mas nós tem que dar R$ 50 mil pra eles”, disse um membro do grupo, se referindo a agentes da Polícia Federal (PF), que estariam envolvidos com o narcotráfico.

Como foi a suposta negociação

Durante negociação, o repórter que se passou por um traficante goiano em busca de fornecedores e sócios (parças), chegou a negociar com o membro da facção, além de outros vendedores de pelo menos três cidades: Goiânia, Rio Verde e Anápolis. Ao contrário dos membros da maior e mais perigosa facção do país, os outros vendedores perguntaram como estava o ‘corre’, gíria usada para saber a movimentação do tráfico na região.

Ao ser questionado, o repórter disse que estava fraco e que buscava novas alianças. Em resposta, todos os traficantes responderam da mesma forma: “quer pegar uma peça? A vista é um preço, mas no prazo de até 20 dias é mais caro. A gente racha os lucros meio a meio. Me manda o endereço que já vou mandar levar hoje. Vem com o PIX, bebê”, brincou um dos anunciantes.

Porém, ao negar a parceria, alguns criminosos não gostaram da resposta. Segundo eles, o repórter está de ‘pilandragem’ e só ‘fala’ por não pegar a droga ou topar uma viagem para o Paraguai, um dos principais destinos do PCC. Já outros, se colocaram à disposição para futuras negociações.

“Fechou então, parceiro. Precisando dos quilos é só dar um salve que eu mando descer aí, beleza? Só paga a gasolina”, disse um dos membros da facção de origem paulista.

Drogas e armas são anunciadas como se fossem mercadorias licítas. (Foto: Pedro Moura)

Combate ao tráfico e à corrupção

A migração do tráfico de drogas e armas para o espaço cibernetico tem dificultado a ação da polícia, mas não a impedido, conforme explica o delegado Rony Loureiro. Para o policial, as bocas de fumo não deixaram de existir, mas, o tráfico evoluiu e ultrapassou fronteiras, tanto terrestres, quanto virtuais, se consolidando em ambos os lados.
Ele conta que a venda de drogas, seja nacional ou internacional, e de armas, juntas, podem render condenação de até 56 anos de prisão.

Porém, Rony afirma que esse tipo de crime é praticado por facções criminosas, como o PCC, com quem o repórter negociou. Neste caso, a pena pode ser ainda maior, tendo acréscimo de mais três anos por associação criminosa.

Rony conta que o combate aos crimes de tráfico e corrupção são realizados pelos serviços de inteligência de corporações como PC, PF, PRF e PM, além de órgaõs como o Ministério Público (MP). Em Goiás, a principal instituição de combate a esse tipo de crime é a Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos (Denarc). Outras delegacias, como o Grupo de Investigação de Homicídios (GIH), também atuam nesta área, visto que o tráfico é ‘recheado’ de homicídios, normalmente, violentos.

“Seria bastante ingénuo da minha parte se eu dissesse que não existe tentativa de propina para policias. Esses lobos disfarçados de ovelhas existem e são um câncer. Eles precisam ser punidos. Para combater esse tipo de crime de corrupção envolvendo as forças armadas, existe fiscalização de toda parte e corporações. Inclusive de órgaõs, como o Ministério Público. Infelizmente, desvios acontecem em todas as profissões, mas estamos aqui para combatê-las”, explicou.

Dialogo com o traficante:

Membro PCC: Forte abraço meu mano.

Repórter: Forte abraço, monstro.

Membro PCC: Tá precisando de que, vead*?

Repórter: Corre tá fraco aqui, estou buscando fornecedor. Estou precisando da verdinha prensada, do peixe, LSD, skank e bala.

Membro PCC: Pode crê que está tendo, porr*. Nós é o crime, cusã*.

Repórter: É nós, vead*. To querendo correr com vocês, fecha uma parceria. Pode crê?

Membro PCC: Demoro mano velho. Coliga nós. Estamos com quatro carros de mercadoria parados aqui. É lá do Paraguaia. Coisa responsa, pura. Aquelas 99%, tá ligado?

Repórter: Boto fé demais meu parceiro. Fé em Deus que vai dar certo, caralh*. Vocês fecha com quem?

Membro PCC: Aqui é Primeiro Comando da Capital, vead*. PCC, tá ligado? Nós não corre com CV (Comando Vermelho) não, pode crê?

Repórter: Fechou, monstro.

Membro PCC: Coloca a gaso que nós cola ai em você, pai. Tem que ter o mínimo de confiança, tá ligado, cusã*? Nos já leva um quilo da prensada pra você, vead*.

Grupos de venda de drogas inundam as plataformas digitais. (Foto: Pedro Moura)

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Torcedores jogam cabeça de porco em jogo de Corinthians x Palmeiras

Durante a vitória do Corinthians por 2 a 0 sobre o Palmeiras na Neo Química Arena, em São Paulo, um incidente chocante marcou o jogo. Torcedores do Corinthians lançaram uma cabeça de porco no campo, gerando grande controvérsia e indignação.

Segundo testemunhas, o incidente ocorreu começou antes do início do jogo, quando a cabeça de porco foi arremessada por um homem em uma sacola por cima das grandes do setor sul.

A Polícia Civil solicitou ao Corinthians o acesso às imagens da câmera de segurança para identificar todos os responsáveis pelo ato. Dois torcedores foram levados ao Juizado Especial Criminal (Jecrim) e, após depoimentos, foi proposto uma transação penal no valor de R$ 4 mil ao Ministério Público, mas eles não aceitaram e negaram ter participado do ato.

Um dos suspeitos da provocação foi identificado como Rafael Modilhane, que teria comprado e arquitetado o ataque ao time rival. Um vídeo compartilhado nas redes sociais mostra que o torcedor comprou o item em um açougue e mencionou o plano para jogar a cabeça no gramado.

“Sabe aquela cabeça de porco que postei mais cedo? Vocês vão ver o que vai acontecer com ela. A gente é louco mesmo. Se for para mexer com o psicológico de vocês [jogadores], nós vamos mexer.”, afirmou Modilhane.

Confira o vídeo:

Pelo artigo 201 da nova Lei Geral do Esporte, os torcedores envolvidos podem responder por “promover tumulto, praticar, incitar a violência e invadir local restrito aos competidores, com possível penas de até seis meses de prisão ou multa”. Cabe agora a decisão do Ministério Público se a denúncia será realizada ou voltará ao Drade para novas investigações.

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