Veneno usado para matar mãe e filho foi colocado em doces, diz perícia

A investigação conduzida pela Polícia Civil de Goiás trouxe novas revelações sobre as mortes de mãe e filho, no último dia 17, em Goiânia. O laudo da Polícia Científica desvendou que a substância letal consumida por Leonardo Pereira Alves, de 58 anos, e a mãe dele, Luzia Alves, de 86, foi inserida em potes de doces, provocando intoxicação por envenenamento.

A perita criminal Mayara Cardoso anunciou a realização de um exame toxicológico em amostras coletadas no local do crime e nos corpos das vítimas. O nome da substância não foi divulgado, mas quatro amostras de bolo foram analisadas, com duas contaminadas. Colheres, sucos e outros itens foram examinados, sem a presença da substância no café da manhã.

A perícia destacou que dois potes continham a substância, considerada um veneno ‘potente’ e aplicado em grande quantidade. Mesmo em doses mínimas, a substância é tóxica e letal, sem sabor ou odor, impossível de ser detectada.

A advogada Amanda Partata está detida sob a suspeita de assassinar mãe e filho após não aceitar o término do relacionamento com o filho de uma das vítimas, de acordo com a Polícia Civil. Os advogados de Amanda aguardam o desenrolar das investigações para se pronunciarem, enquanto a defesa da acusada contesta a legalidade da prisão.

Vídeos de câmeras de segurança registraram Amanda comprando alimentos para um café da manhã na casa da família do ex-namorado, um empório no Setor Marista, na capital goiana. Nas imagens divulgadas pela Polícia Civil de Goiás (PCGO), é possível ver que a suspeita compra alimentos e um suco de uva.

Entre os alimentos estavam pão de queijo, biscoitos, suco e bolos no pote. De acordo com a polícia, após as compras, Amanda voltou para o hotel onde estava hospedada, antes de se dirigir à casa da família do ex. Dessa forma, a corporação não sabe ao certo se a manipulação do veneno aconteceu no hotel ou já no local do crime.

Veja vídeo:

“Brutalidade”

O médico Leonardo Pereira Alves Filho, ex-namorado da advogada suspeita e filho de uma das vítimas, quebrou o silêncio pela primeira vez na tarde de terça-feira (26), após prestar depoimento à polícia. Em um desabafo emocional, ele lamentou a morte do pai e da avó, expressando incredulidade diante da “tamanha brutalidade” do ocorrido.

“A gente nunca imaginava qualquer coisa que justificasse tamanha brutalidade. E a gente tá vivendo nosso luto. Tem sido muito difícil”, desabafou o médico. Além de Leonardo, a irmã dele, Maria Paula, e a mãe, Elaine, forneceram depoimentos à polícia na manhã de terça-feira, iniciando por volta das 10h e estendendo-se até 13h50.

Conforme a Polícia Civil, Amanda Partata foi à casa da família do ex-namorado na manhã de 17 de dezembro, levando um café da manhã que incluía pão de queijo, biscoitos, suco e bolos de pote de uma conhecida doceria de Goiânia. Uma foto revelou Amanda na mesa do café, próximo às quitandas, doces e suco, que, segundo a polícia, estariam envenenados.

Os advogados de defesa de Amanda afirmam que aguardam os desdobramentos das investigações para comentar sobre as imputações da Autoridade Policial. Questionam a legalidade da prisão, alegando que ocorreu de forma ilegal durante a noite em um hospital onde Amanda estava internada. Destacam a colaboração voluntária de Amanda na delegacia e prometem adotar medidas judiciais para preservar a legalidade.

 

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Agrodefesa apreende 10 mil embalagens de agrotóxicos armazenadas de forma irregular

A Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa), em parceria com a Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Rurais (DERCR), deflagrou, na última terça-feira, 17, em Trindade e Paraúna (GO), a Operação Terra Limpa.

A ação resultou na apreensão de mais de 10 mil embalagens vazias de agrotóxicos que estavam armazenadas de forma irregular, em desacordo com legislações ambiental e de defesa agropecuária vigentes.

As embalagens foram encontradas em diferentes estados de processamento — algumas prensadas, outras trituradas —, e estavam em condições inadequadas de armazenamento. Também foi descoberto um caminhão carregado com embalagens vazias.

Os profissionais envolvidos na operação identificaram que os materiais eram triturados para reciclagem, porém a destinação final das embalagens não cumpria as normas legais de devolução de embalagens vazias de agrotóxicos.

Os materiais apreendidos – que totalizaram seis caminhões com produtos – foram enviados para a Associação Goiana de Empresários Revendedores de Produtos Agropecuários (Agerpa), localizada em Goiânia, e para a Associação dos Distribuidores de Produtos Agrícolas de Rio Verde (Adirv) para pesagem e destinação final.

Essas associações são unidades que representam os estabelecimentos comerciais de insumos agrícolas, autorizadas a recepcionar e dar a correta destinação final das embalagens vazias – que passam por tríplice lavagem pelos produtores -, ou ainda daquelas que podem conter resíduos de agrotóxicos.

Segundo a gerente de Sanidade Vegetal da Agrodefesa, Daniela Rézio, os fiscais estaduais agropecuários e os agentes da Polícia Civil apuraram ainda que a intenção do proprietário do estabelecimento era desviar as embalagens para recicladoras clandestinas.

“É importante destacar que o processo legal de reciclagem de embalagens vazias de agrotóxicos é de competência do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV). A instituição é responsável pela gestão da política reversa das embalagens vazias de agrotóxicos e nós, da Agrodefesa, estamos inseridos nesse processo como responsáveis por orientar os produtores e fiscalizar o cumprimento da obrigatoriedade legal do correto armazenamento e devolução das embalagens vazias”, informa.

Penalidade

Além da apreensão do material, o responsável pelo estabelecimento foi detido pela Polícia Civil e autuado pelos fiscais da Agrodefesa. De acordo a com legislação federal e estadual de agrotóxicos, a previsão é que esse tipo de infração tenha penalidades administrativa e criminal, com multas que podem chegar a R$ 50 mil, além de pena de reclusão, de dois a quatro anos.

O presidente da Agrodefesa, José Ricardo Caixeta Ramos, reforça que esse tipo de prática de descarte e armazenamento irregular de embalagens de agrotóxicos vazias, além de ser crime, coloca em risco o meio ambiente, a saúde pública e a economia no Estado.

“Pode trazer sérios danos para a população e afetar toda uma cadeia produtiva. Por isso, casos como esses devem ser denunciados aos órgãos competentes para que as medidas de prevenção e repressão sejam tomadas o mais rápido possível”.

Denúncia

A operação foi realizada a partir do trabalho inicial de apuração feito em Paraúna (GO) por fiscais estaduais agropecuários da Unidade Regional Rio Verdão da Agrodefesa. No município, os profissionais identificaram desvios, processamento e envio de embalagens de agrotóxicos para Trindade.

O coordenador da UR Rio Verdão, Giovani Miranda, destaca que a partir disso foi possível a identificação dos receptadores e a localização do galpão em que o processamento clandestino das embalagens acontecia.

“Essas medidas possibilitaram à Delegacia de Crimes Rurais a apreensão de outras quatro cargas nesse mesmo depósito”, informa.

Participaram da ação fiscais estaduais agropecuários das Unidades Rio dos Bois e Rio Verdão, e da Gerência de Fiscalização Agropecuária, sob coordenação da Gerência de Sanidade Vegetal, além de agentes da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Rurais (DERCR).

Destinação correta de embalagens de agrotóxicos

Em Goiás, são 13 associações credenciadas pelo inpEV, que juntas são responsáveis pela gestão em 27 Unidades de Recolhimento de Embalagens Vazias (UREV), devidamente cadastradas na Agrodefesa, sendo 17 Postos e 10 Centrais, localizadas nos seguintes municípios:

Acreúna, Anápolis, Bom Jesus, Catalão, Ceres, Cristalina, Formosa, Goianésia, Goiânia, Iporá, Itaberaí, Itumbiara, Jataí, Luziânia, Mineiros, Morrinhos, Paraúna, Piracanjuba, Porangatu, Quirinópolis, Rio Verde, Santa Helena de Goiás, Vianópolis e Vicentinópolis.

Os empresários que utilizam agrotóxicos, ao concluírem a aplicação, devem realizar a tríplice lavagem, armazenamento adequado e a devolução das embalagens vazias, suas tampas e eventuais resíduos pós-consumo dos produtos aos estabelecimentos comerciais em que foram adquiridos, de acordo com as instruções previstas nas respectivas bulas, no prazo de até um ano, contado da data de compra, ou da data de vencimento.

A devolução pode ainda ser intermediada por postos ou centrais de recebimento, bem como por ações de recebimento itinerantes, desde que autorizados e fiscalizados pelo órgão competente, nesse caso em Goiás, pela Agrodefesa, com a gestão sob responsabilidade do inpEV junto às suas associações de revendas credenciadas.

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