VÍDEO: Mauro Cid diz que recebeu dinheiro de Braga Netto em caixa de vinho para
financiar golpe
“O general Braga Netto me entrega o dinheiro”, diz o ex-ajudante de ordens de
Jair Bolsonaro (PL). Entrega ocorreu no Palácio da Alvorada, residência oficial
do presidente da República.
Mauro Cid relata que Braga Netto entregou dinheiro em caixa de vinho
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Em vídeo de depoimento de sua delação premiada (veja acima), o tenente-coronel
Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), confirmou ter recebido dinheiro do ex-ministro da Casa Civil e da Defesa Braga Netto para financiar o golpe dentro de uma caixa de vinho [g1.globo.com/tudo-sobre/mauro-cid].
A entrega ocorreu no Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da
República. Jair Bolsonaro (PL) ocupava o cargo na época.
A afirmação do militar está em um dos depoimentos que Cid prestou a autoridades
no contexto de sua colaboração premiada
[g1.globo.com/politica/noticia/2025/02/19/moraes-notifica-defesa-de-denunciados-pela-pgr-e-levanta-sigilo-da-delacao-de-mauro-cid.ghtml]
homologada pelo ministro Alexandre de Moraes, no Supremo Tribunal Federal (STF
[g1.globo.com/tudo-sobre/supremo-tribunal-federal/]).
“O general Braga Netto me entrega dinheiro. Se não me engano, creio que foi
quando o [Rafael Martins] De Oliveira esteve no Alvorada. Ele [Braga Netto] me
entregou um… era tipo um coisinho de vinho, de presente de vinho, com
dinheiro. Eu não contei, não sei quanto, estava grampeado e o De Oliveira veio
buscar o dinheiro”, disse Cid.
O ex-ajudante de ordens, contudo, afirmou não se lembrar o dia, ou saber da
quantia no pacote. Em outro momento do depoimento, Cid descreveu o pacote que
recebeu de Braga Netto.
Mauro Cid deixa STF após audiência com Alexandre de Moraes, em 21 de
novembro de 2024 — Foto: Fellipe Sampaio/STF via Reuters
O tenente-coronel mencionou também a reunião realizada em 28 de novembro de 2022,
com oficiais formados no Curso de Forças Especiais – os chamados “kids pretos”.
Segundo Cid, no encontro havia “militares mais exaltados, outros menos”, mas ele
não soube dizer quem estava em cada lado.
Cid foi ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro ao longo de quase
todo o mandato. Ele firmou delação premiada com a Polícia Federal para prestar
informações em diversos inquéritos, incluindo o da tentativa de golpe de Estado.
Na terça-feira (18), a Procuradoria-Geral da República denunciou Jair
Bolsonaro e outros 33 suspeitos de terem arquitetado uma tentativa de golpe
entre 2021 e janeiro de 2023 para impedir a derrota de Bolsonaro nas urnas e a
posse de Luiz Inácio Lula da Silva.
O sigilo da delação de Mauro Cid foi derrubado pelo relator dos inquéritos,
Alexandre de Moraes, nesta quarta.
O ministro derrubou nesta quarta-feira (19) o sigilo do acordo de delação
premiada firmado em 2024 pela Polícia Federal com o tenente-coronel.
Na mesma decisão, Moraes abriu prazo de 15 dias para que os 34 denunciados pela
Procuradoria-Geral da República nesta terça-feira (18) apresentem suas defesas
por escrito.
Com a decisão, o conteúdo dos depoimentos de Mauro Cid deve ser tornado público
ainda nesta quarta. A derrubada do sigilo tinha sido adiantada pelo jornalista
César Tralli, da TV Globo, no início da manhã.
“Ocorre que, no presente momento processual, uma vez oferecida a denúncia pelo
procurador-geral da República, para garantia do contraditório e da ampla defesa
[…] não há mais necessidade da manutenção desse sigilo, devendo ser garantido
aos denunciados e aos seus advogados total e amplo acesso a todos os termos da
colaboração premiada”, diz Moraes.
O acordo previa que Cid desse detalhes aos investigadores sobre suspeitas de
crimes cometidos por ele e por pessoas em seu entorno ao longo do governo – em
investigações como a da tentativa de golpe de Estado, das joias trazidas da
Arábia Saudita e da suposta fraude nos cartões de vacinação, por exemplo.
Se as informações prestadas por Cid forem confirmadas pela investigação, ele
pode receber benefícios como a redução da pena e o cumprimento de condenações em
regime aberto, por exemplo.