Os casos de injúria e homofobia seguem em alta em Goiás. Para se ter uma ideia, apenas em Goiânia, o Grupo Especializado no Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (GEACRI) registrou ao menos um caso por dia, somando 255 crimes até o momento.
Nesta última terça-feira, 13, por exemplo, um casal de mulheres homossexuais foram vítimas de injúria por parte de um homem enquanto estavam em uma sorveteria localizada no Setor Urias Magalhães, em Goiânia.
Renan Lemes, de 26 anos, chegou a ser detido pela Polícia Militar (PM) após agredir verbalmente Angélica Francielly e Karuliny Divina. Em um vídeo gravado pelo próprio suspeito, ele diz não gostar ‘desse tipo de gente’, se referindo às mulheres que também foram gravadas por ele.
“Pessoal, estou aqui no Setor Urias Magalhães, certo? Um casal de lesbicas aqui, entendeu? Eu como Renan Lemes, filho de advogado, estou indo na delegacia agora, entendeu? Porque eu não gosto deste tipo de gente. Olha aí para você ver, o perfil da pessoa, me atacando, com inveja do meu perfil porque sou uma pessoa de boa índole. Olha o porte da pessoa, quer ser homem. Olha o nível da pessoa, essas pessoas de má índole”, disse Renan no vídeo.
Injúria
Para Angélica, que é barbeira e, na ocasião, tomava sorvete com a esposa, a situação foi humilhante e inadmissível. Ela conta que o homem chegou ao estabelecimento e ao perceber que as suas eram um casal, começou a proferir ofensas homofóbicas, dizendo que não iria ficar no local porque não gostava de ‘homossexuais’.
“Ele falou coisas horríveis, sendo super agressivo. Neste momento, um policial à paisana passou pelo local e percebeu a confusão. Ele fez a abordagem e em seguida acionou a viatura. Fomos conduzidos à delegacia e informamos que o Renan tinha gravado alguns vídeos falando mal da gente”. explicou.
Mesmo sendo preso em flagrante, o jovem foi liberado após assinar um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO).
Recorrente
Para a vice-presidente da Comissão de Diversidade Sexual e de Gênero da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Amanda Souto Baliza, os crimes envolvendo injúria e LGBTfobia são comuns. Ela explica que os crimes de injúria simples podem gerar uma pena de até seis meses, mas já casos mais complexos podem render até cinco anos de prisão.
Porém, Amanda reforça que é necessário que as vítimas denunciem os autores, a fim de evitar que novas pessoas passem por esse tipo de agressão e que os criminosos sejam penalizados.
“Hoje temos delegacias especializadas neste tipo de crime, como o Geacri. As vítimas podem buscar reparação civil na delegacia. Enquanto as pessoas não entenderem que é errado ofender outra pessoa, a gente tem que buscar a repressão. Essa repressão vem por meio da questão criminal que deve ser registrada em uma delegacia”, concluiu.