Os casos de violência contra a mulher diminuíram neste primeiro semestre de 2022, mas ainda são motivo de preocupação. Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás (SSPGO), houve aumento em todas as áreas de violência, exceto nos quesitos ameaça e lesão corporal, que sofreram reduções de 3,9% e 0,2%, respectivamente.
Entretanto, crimes como feminicídio (aumento de 25%), estupro (aumento de 12,5%) e crimes contra a honra – calunia difamação e injuria (aumento de 2,5%) acendem o alerta sobre a proteção e cuidado com essas vítimas.
Em um âmbito geral, somando todas as áreas, de janeiro a junho de 2022, a SSP registrou 18.353 ocorrências, enquanto que em 2021, no mesmo período, foram contabilizados 18.505 casos de violência contra a mulher. Ou seja, uma redução de 0,8%. O crime de ameaça foi o mais registrado, com 7.542 denúncias este ano, seguindo pelo crime contra a honra (5.346), lesão corporal (5.291), estupro (144) e feminicídio (30).
Para a delegada e coordenadora geral da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM), Ana Scarpelli, as mulheres vítimas de violência, principalmente feminicídio, vivem relacionamentos abusivos e de modo geral, passam por etapas de agressão: verbal, psicológica, física e por fim o feminicídio. Ana conta ainda que é possível perceber indícios de um eventual agressor, como o fato do homem querer controlar a mulher, inclusive seu modo de vestir.
“Essas mulheres vítimas precisam entender que a culpa não é delas, mas sim do agressor. Essas mulheres precisam nos procurar, denunciar, temos 17 delegacias para receber denúncias. É bastante comum nos casos de agressão e feminicídio, a mulher ser vítima de violência doméstica. O principal motivo das agressões não é o ciúme, mas o sentimento de posse do homem. Para o agressor, a mulher é um objeto. Ela não pode usar qualquer roupa, não pode sair sozinha, dentre várias outras condições. É algo cultural”, explicou.
Violência
Apenas nos últimos três dias (sábado, domingo e segunda-feira), três mulheres foram vítimas de violência no estado, sendo que uma morreu pelas mãos do ex-companheiro. Neste sábado, 16, por exemplo, José Izídio Araújo Barcelar, de 37 anos, foi à casa da ex-mulher, Geize Alves de Oliveira, de 30 anos, em Quirinópolis. No local, os dois começaram a discutir. O homem chegou a ir embora, mas voltou poucos minutos depois e atirou contra Geize, e se matou em seguida.
Já no domingo, 17, um homem de 48 anos foi preso por lesão corporal, ameaça e injúria racial praticados contra a sua companheira, em Itumbiara. Após agredir fisicamente a vítima no interior da residência do casal, o autuado passou a ameaçá-la de morte, além de ofendê-la com palavras racistas, chamando-a, dentre outras coisas, de ‘macaca’. Ao presenciar o crime, o filho da vítima entrou em luta corporal com o homem que estava armado com um facão. O suspeito que já possui passagens por violência doméstica cometidos contra a mesma vítima acabou preso.
Nesta segunda-feira, 18, outro outro homem foi preso após agredir a companheira, em Goiânia. Ele invadiu a casa da vítima, quebrando móveis e a agredindo, mas acabou sendo preso pela Guarda Civil Municipal (GCM), após ser denunciado por vizinhos. Ele foi encaminhado à DEAM, onde deve responder por violência doméstica.