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10 HQS brasileiro que marcaram a última década

Por Lígia Saba 

Nos últimos dez anos, a internet avançou, e quase tudo passou a ser feito pelo celular, as opções na TV cresceram e as bancas de revista praticamente entraram em extinção. Se considerar tudo isso, é incrível que ainda exista o mercado de gibis, de papel. No Brasil, os quadrinhos não deixaram a desejar na última década. Autores Brasileiros ganharam prêmios nos EUA, na França, na Alemanha e no Japão; o país ganhou uma nova e importante premiação de HQ; o número de editoras aumentou e autores independentes acharam novas maneiras de se financiar. Também crescerão os festivais; a diversidade entre autores e autoras; e os temas, abordagens e jeitos de contar histórias. Pensando nisso preparamos uma lista com 10 das histórias em quadrinho que mais se destacaram na última década.

10. Daytripper

A concepção e execução da HQ veio dos irmãos gêmeos paulistanos Fábio Moon e Gabriel Bá, que trilharam mais de uma década entre o quadrinho independente e colaborações com editoras dos EUA até chegar a publicação da obra, que se passa no Brasil com personagens brasileiros. A minissérie em 10 capítulos foi publicada ao longo de 2010 no exterior, foi para o topo da lista de coletâneas do New York Times, ganhou o Prêmio Eisner e Prêmio Harvey, além do Utopiales na França, teve várias edições pelo mundo e foi adotada em universidades.

9. Achados e Perdidos

Em agosto de 2011, os quadrinistas mineiros Eduardo Damasceno e Luís Felipe Garrocho pediram ajuda dos fãs para fazer uma versão impressa da sua webcomic Achados e Perdidos, que conta a história de um garoto que acorda com um buraco negro na barriga. Foi usada uma plataforma de financiamento coletivo lançada no início daquele ano: 520 fãs literalmente compraram a ideia e somaram R$ 30 mil para que a publicação pudesse acontecer. Damasceno e Garrocho inauguraram o principal método de publicação independente do quadrinho brasileiro na década.

8. Turma da Mônica Jovem Vol. 34

Pouca gente levou Mauricio de Sousa a sério quando ele revelou que seria lançadas fazer versões teen da Turma da Mônica, porém, em 2008, contrariando as expectativas, as primeiras edições esgotaram. Mauricio e a equipe seguraram até a 34° edição o tão esperado beijo entre Mônica e Cebolinha. O resultado foram 500 mil exemplares vendidos, número que não se via há tempos no mercado brasileiro, e nem no resto das Américas, onde Marvel e DC comemoravam quando superavam 200 mil.

7. Adormecida – cem anos para sempre

A primeira graphic novel de uma autora brasileira na década foi lançada em 2012. Trata-se de um projeto que estava engavetado desde os anos 1980 pela gaúcha Paula Mastroberti, inspirada nos álbuns europeus de fantasia e na fábula da Bela Adormecida. O número de autoras cresceu exponencialmente durante a década, seja em quadrinhos de editoras, no mercado independente ou nas webcomics. Em um meio no qual até o número de leitoras era considerado ínfimo, o que nunca foi verdade, a paridade entre homens e mulheres tem avançado cada dia mais.

6. Turma da Mônica – Laços

Turma da Mônica – Laços é um romance gráfico publicado em 2013 pela Panini Comics como parte do projeto Graphic MSP, que traz releituras dos personagens da Turma da Mônica sob a visão de artistas brasileiros dos mais variados estilos.

5. Tungstênio

O autor Marcello Quintanilha já era um nome que acumulava elogios na produção de quadrinhos brasileira. Tungstênio foi uma mudança de rumo: se antes sua produção consistia sobretudo em histórias curtas e coloridas sobre o Rio de Janeiro, agora ele chegava com um álbum de quase 200 páginas, em preto e branco, sobre Salvador. O resultado atraiu atenção crítica no Brasil e, em seguida, no exterior onde ganhou prêmios como: o disputado Festival d’Angoulême em 2016 e outro no Rudolph Dirks Award no ano seguinte. Quintanilha hoje é publicado em toda a Europa e abre portas para outros autores brasileiros no continente, além de continuar com uma forte produção de graphic novels, como Talco de Vidro e Luzes de Niterói.

4. Castanha do Pará

Castanha do Pará é um romance gráfico de Gidalti Jr. lançado em 2016. O livro, que é a obra de estreia do autor, conta a história de um jovem da periferia de Belém chamado Castanha, que tem corpo de gente e rosto de urubu e vive entre as barracas do Mercado Ver-o-Peso.

3. Quadrinhos dos Anos 10

É um conjunto de tiras cômicas publicadas diariamente nos jornais Folha de S. Paulo e O Globo pelo quadrinista André Dahmer. As tiras fazem uma crítica à sociedade, utilizando-se de humor politicamente incorreto e nonsense.

2. Angola Janga

Angola Janga não representa só um, mas vários divisores de águas: a primeira graphic novel brasileira original com mais de 400 páginas; o primeiro autor a colecionar Eisner, Jabuti e HQ Mix no mesmo ano; o primeiro autor negro a tratar de um tema negro da perspectiva de ex-escravizados negros. Junto a Cumbe, de 2014, uma espécie de álbum de preparo – o que lhe valeu o Eisner, D’Salete abriu espaço para um momento de extrema importância e fraquíssima exploração narrativa na História do Brasil, justamente quando as discussões sobre raça estão acirradas no mundo.

1. Alho-poró

A autora carioca, Bianca Pinheiro, surgiu nesta década com uma webcomic infantil, Bear, depois mudou de rumo e começou a produzir  narrativas de terror como Dora e Meu Pai é um Homem da Montanha. Vieram suas duas Graphic MSP da Mônica e, de novo, mais surpresa com o conto de vingança feminina em Alho-Poró, seu melhor desempenho narrativo até agora, e as discussões existencialistas de Eles Estão Por Aí e Sob o Solo (ambos com Greg Stella).