Torres nega vazamento de informações sobre operação da PF a Bolsonaro

O suposto alerta do ministro da Justiça, Anderson Torres, ao presidente Jair Bolsonaro de que haveria uma operação da Polícia Federal (PF) foi negado pelo titular da pasta na tarde deste domingo (26). As suspeitas começaram com a divulgação de conversas telefônicas em que o ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, disse à filha que o chefe do Executivo teve um pressentimento sobre o assunto justamente no dia de uma viagem com Torres ao exterior.

“Diante de tanta especulação sobre minha viagem com o presidente para os EUA, asseguro categoricamente que, em momento algum, tratamos de operações da PF. Absolutamente nada disso foi pauta de qualquer conversa nossa”, postou. A data da ligação por telefone e do voo coincidem em 09 de junho. Ribeiro, dois pastores e dois servidores públicos foram presos na última quarta (22) por esquema de desvio de verbas federais da educação e liberados no dia seguinte.

Para esclarecer se houve influência de Jair Bolsonaro, o Ministério Público pediu autorização do Supremo Tribunal Federal para apurar o caso. O advogado do presidente, Frederick Wassef, descartou qualquer interferência. Na madrugada deste domingo (26), um dos pastores que estaria envolvido no chamado gabinete paralelo, Gilmar Santos, disse que a ação da PF tem cunho espiritual por ser uma guerra contra o evangelho e contra a família.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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