”Até chamada de desequilibrada eu fui”, diz mãe da menina impedida de fazer aborto

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”Até chamada de desequilibrada eu fui”, diz mãe da menina impedida de fazer aborto

A mãe da menina de 11 anos que foi pressionada a não abortar após ser vítima de abuso sexual, em Santa Catarina, afirmou que se sentiu ”um nada” durante audiência com a juíza Joana Ribeiro Zimmer, titular da Comarca de Tijucas. A informação foi revelada pela própria mãe durante uma conversa ao ‘Fantástico’.

“Eu não podia tomar nenhuma decisão pela vida da minha filha. Então, para mim, foi muito difícil, chorei, me desesperei, gritei dentro do fórum. Até chamada de desequilibrada eu fui. Porque era um ser acima de mim, né? Uma lei acima de mim. Nenhuma das vezes que a gente foi a nenhuma das instâncias eu fui ouvida”, afirmou a mulher.

Ela procurou o órgão para conseguir interromper a gravidez de 28 semanas da filha após o hospital se negar a fazer o procedimento. Na ocasião, a magistrada fez uma série de perguntas em relação à gestação da criança, e a pressionou para não fazer o procedimento do abordo permitido por lei em caso de abuso sexual.

A vítima foi mantida em um abrigo durante algumas semanas, enquanto continuava a gerar o bebê. Segundo a mãe, os dias sem a filha foram os mais difíceis da vida dela. ”Todos os dias eu chorava. Quando eu ia visitar ela, ela sempre chorava e pedia para ir para casa”, afirmou.

Além de lidar com a violência sofrida pela filha, a mulher afirmou ainda que o marido dela, padrasto da criança, foi acusado sem provas de ter cometido os abusos. Ele se submeteu voluntariamente ao exame de DNA e teve a relação com o crime descartada.

“Ele foi afastado de casa, teve que manter distância da minha filha, manter distância da minha casa, então a gente só quer que a Justiça seja feita, né?”, disse.

A criança conseguiu fazer o aborto na quarta-feira, 22, no mesmo hospital em que o procedimento, anteriormente, foi negado.

Insistência da juíza

A polêmica sobre a criança e sua gestação chegou ao público após audíos da audiência vazarem. Nele, a juíza e promotora insiste na prolongação da gestão e avalia que o aborto não pode ser algo bom para a ela mas algo de alegria para uma família adotante. Caso foi noticiado pela The Intercept Brasil.

“Quanto tempo que você aceitaria ficar com o bebê na tua barriga para a gente acabar de formar ele, dar os medicamentos para o pulmãozinho dele ficar maduro para a gente poder fazer essa retirada antecipada do bebê para outra pessoa cuidar, se você não quiser?”, pergunta a magistrada.

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Quatro estudantes da PUC-SP são desligados após se envolverem em atos racistas durante jogo

Quatro estudantes de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) foram desligados de seus estágios em escritórios de advocacia após um vídeo viralizar nas redes sociais, mostrando atos de racismo e aporofobia cometidos durante uma partida de handebol nos Jogos Jurídicos Estaduais. O incidente ocorreu no último sábado, 17, em Americana, interior de São Paulo. Nos registros, os alunos ofenderam colegas da Universidade de São Paulo (USP), chamando-os de “cotistas” e “pobres”.

As demissões foram confirmadas por meio de notas oficiais enviadas às redações. O escritório Machado Meyer Advogados, por exemplo, anunciou a demissão de Marina Lessi de Moraes, afirmando que a decisão estava alinhada aos seus valores institucionais, com o compromisso de manter um ambiente inclusivo e respeitoso. O escritório Tortoro, Madureira e Ragazzi também confirmou a dispensa de Matheus Antiquera Leitzke, reiterando que não tolera práticas discriminatórias em suas instalações. O Castro Barros Advogados fez o mesmo, informando que Arthur Martins Henry foi desligado por atitudes incompatíveis com o ambiente da firma. O escritório Pinheiro Neto Advogados também comunicou que Tatiane Joseph Khoury não faz mais parte de sua equipe, destacando o repúdio ao racismo e qualquer forma de preconceito.

Repercussão do caso

O episódio gerou forte indignação nas redes sociais e foi amplamente criticado. O Centro Acadêmico XI de Agosto, que representa os alunos da Faculdade de Direito da USP, se manifestou, expressando “espanto, indignação e revolta” com as ofensas racistas e aporofóbicas proferidas pelos alunos da PUC-SP. A instituição ressaltou que o incidente representou uma violência contra toda a comunidade acadêmica.

Em resposta, a reitoria da PUC-SP determinou a apuração rigorosa dos fatos pela Faculdade de Direito. Em comunicado, a universidade afirmou que os responsáveis serão devidamente responsabilizados e conscientizados sobre as consequências de suas atitudes. A PUC-SP reiterou que manifestações discriminatórias são inaceitáveis e violam os princípios estabelecidos em seu Estatuto e Regimento.

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