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Entenda por que algumas pesquisas têm resultados tão diferentes 

Última atualização 14/09/2022 | 08:25

Faltando menos de 20 dias para as eleições de outubro, somos ‘bombardeados’ diariamente com pesquisas eleitorais, que apresentam números, algumas vezes, completamente diferentes. Mas por que isso acontece? 

De acordo com especialistas, essa diferença entre uma pesquisa e outra acontece em função dos métodos utilizados por cada instituto, que vão desde abordagens presenciais, por telefone e até pela Internet, utilizando amostras e questionários diferentes.

Para se ter ideia da diferença nos resultados das pesquisas, na última sexta-feira, 9, por exemplo, o Serpes divulgou um cenário onde o governador Ronaldo Caiado (União Brasil), candidato à reeleição, aparece com 53,9% das intenções de voto no primeiro turno, seguido por Gustavo Mendanha (Patriota), com 19,2%.

No mesmo dia, o Instituto Goiás Pesquisas também divulgou levantamento, que colocava Caiado na liderança pelo Palácio das Esmeraldas, com 40,1% dos votos no primeiro turno do pleito deste ano. De acordo com a pesquisa realizada entre os dias 5 e 8 de setembro, ele é seguido pelo ex-prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, que tem 22,1%. 

Ou seja, entre as duas pesquisas, há uma diferença de 13,8% nas intenções de voto relacionadas ao atual governador. Já em relação ao ex-prefeito de Aparecida de Goiânia, a margem é menor, de 3,1%. 

Comparação 

Para o cientista político, Marcos Marino, não há como comparar uma pesquisa com a outra devido a alguns fatores como: a diferença de amostras, metodologias e principalmente do momento em que a pesquisa é realizada.

Ainda de acordo com o especialista, um intervalo de um ou dois dias pode gerar uma diferença grande entre uma pesquisa e outra, que pode ser acarretada pelo humor do eleitor ou alguma discrepância entre os candidatos.

“Cada instituto tem uma metodologia diferente. É natural você ter algumas diferenças, sendo quase impossível ter o mesmo resultado entre institutos diferentes. É preciso analisar a pesquisa feita periodicamente dentro do mesmo instituto, analisando a sua curvatura. Assim é possível ver a sua eficácia e a seriedade do instituto” explicou.  

Pesquisas 

Segundo o também cientista político, Pedro Pietrafesa, as pesquisas são realizadas por amostras simples, sistemáticas e por conglomerados (usado para realizar planos amostrais). Dentro destas amostras é possível explorar índices de intenção de voto, tendo em vista a variação de parâmetro que o levantamento pode alcançar. Pedro diz ainda que as pesquisas eleitorais levam em conta os eleitores a serem entrevistados, assim como as características demográficas do país, a idade, gênero e estratos de renda dos eleitores.

Depois de realizar o desenho amostral da região, a pessoa vai à campo com o formulário para ser preenchido. Depois de colher os dados é feita a tabulação do levantamento, e em seguida a estatística com a margem de erro. Por fim, resta apenas a divulgação da pesquisa.

“Por conta das amostras serem aleatórias, pode haver uma diferença numérica entre uma pesquisa e outra. O número de mulheres e homens que vão responder o questionário pode impactar. A estratificação de renda também pode impactar no resultado da pesquisa, assim como o viés de resposta do questionário”, concluiu.

Pedro Pietrafesa, cientista político. (Foto: Arquivo pessoal)