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Lula presidente: a maior figura política da história do Brasil?

Última atualização 31/10/2022 | 09:06

Neste domingo, 30, Lula (PT) foi eleito presidente do Brasil com 50,9% dos votos, derrotando Jair Bolsonaro (PL). Desde a redemocratização, ninguém havia conseguido acumular mais de dois mandatos; Lula cumprirá o seu terceiro de maneira inédita. Isso o configura como a maior figura política da história do País?

A história de Lula na política brasileira

A trajetória política de Lula no Brasil é longeva. O ex-sindicalista e ex-metalúrgico disputou as Eleições de 1989 e chegou a concorrer à presidência no segundo turno diante de Fernando Collor. Entretanto, perdeu por 46,97% a 53,03% nos votos válidos. Nas Eleições de 1994, Lula novamente se colocou como candidato. Naquele ano, assim como em 1998, o petista perdeu para FHC.

Enfim, em 2002, Lula desbancou José Serra no segundo turno e chegou à presidência. Em 2006, enfrentou Geraldo Alckmin, hoje seu vice, e voltou a derrotar o PSDB. Depois da reeleição, o petista deixou a disputa em 2010. Porém, sua sucessora Dilma Rousseff foi eleita por dois mandatos, antes de sofrer um impeachment em 2016.

“De fato, a história de Lula se confunde com a própria história da política brasileira desde a sua redemocratização. Desde a fundação do Partido dos Trabalhadores ao primeiro pleito que ele disputou, em 1989, entre todas as outras coisas até ser preso em 2018 e impedido de disputar a presidência, ele sempre foi um articulador muito poderoso”, opina o professor de marketing político Marcos Marinho.

No entanto, o profissional salienta que a vitória de Lula não quer dizer que há uma predileção simples ao novo presidente eleito e também ao Partido dos Trabalhadores, mas sim uma rejeição a Bolsonaro. Desta forma, isso não necessariamente quer dizer que Lula voltou a ser “o cara” para a maior parte da população.

O doutor em ciências sociais pela Universidade de Brasília (UnB), Pedro Araújo Pietrafesa, acredita que a vitória de Lula é importante pela dificuldade de se questionar o pleito. “Como houve problema na contagem para presidente e não para governadores, senadores, deputados federais, distritais e estaduais? Por que exclusivamente para presidente?”, questiona.

O porquê da popularidade do presidente eleito

Poder grande de mobilizar as massas, populismo atrelado a pautas sociais, dinâmica de comunicação que o aproxima das multidões e articulação capaz de organizar o cenário político e atrair aliados. De acordo com Marcos Marinho, a metodologia de Lula também reverbera positivamente no cenário internacional. “É um dos grandes nomes da política brasileira, gostando dele ou não”, acrescenta.

Pedro Araújo crê que Lula é um dos políticos mais influentes da história recente do Brasil, se não o maior. “Não podemos desconsiderar a força que ele possui. Mesmo com todos os processos judiciais e a anulação dos mesmos, qual outro político teria condições de concorrer à presidência da República e ficar na frente do atual presidente, com toda a máquina política em mãos?”, diz.

Além disso, o terceiro mandato do petista demonstra a rejeição a Bolsonaro que cresceu nos últimos quatro anos. O antibolsonarismo, inclusive, é um dos maiores motivos que levaram à queda do presidente em exercício.

“É de um significado muito forte, por toda a história que Lula passou. Como ele bem mencionou, não fará um governo de revanche contra aqueles que o condenaram na Lava Jato. Estamos em um momento bastante complexo no Brasil, com problemas de violência política e desrespeito às instituições democráticas. Lula deve ficar mais preocupado em resolver esses problemas”, comenta Pedro Araújo.

Apesar da animosidade destas Eleições, Marcos Marinho acha pouco provável que aconteça um golpe, pois, segundo ele, Bolsonaro não tem condições para isso. Contudo, o professor enxerga a possibilidade de uma escala de violência no Brasil. Portanto, as forças de segurança precisarão dar o tom de apaziguamento daqui para frente.