Última atualização 24/06/2022 | 17:52
O ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, disse em conversa com a filha, que o presidente Jair Bolsonaro (PL) o alertou sobre a operação de busca e apreensão que a Polícia Federal (PF) faria contra ele, na última quarta-feira, 22.
A conversa ocorreu no dia 9 de junho, dias antes da Operação “Acesso Pago”, que culminou com a prisão de Milton Ribeiro, além de dois pastores goianos e um ex-servidor da prefeitura de Goiânia. Eles são investigados por corrupção e tráfico de influência na liberação de verbas do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação).
“A única coisa meio… hoje o presidente me ligou… ele tá com um pressentimento, novamente, que eles podem querer atingi-lo através de mim, sabe? É que eu tenho mandado versículos pra ele, né? Não. Não é isso… ele acha que vão fazer uma busca e apreensão… em casa… sabe… é… é muito triste. Bom! Isso pode acontecer, né? Se houver indícios, né?”, disse Ribeiro para a filha durante a conversa obtida pela PF.
A PF tem em mãos cerca de 1,8 mil conversas telefônicas e mensagens interceptadas do ex-ministro e de outros investigados no escândalo de pastores no MEC. Durante a análise, a PF também descobriu que Milton e os outros investigados tinham telefones secretos. O material já foi disponibilizado para a defesa de Ribeiro, que montou uma força-tarefa de ao menos seis advogados para analisar com lupa as conversas e preparar a estratégia de defesa.
Investigação
O Ministério Público Federal (MPF) pediu para a Justiça que a investigação sobre o ex-ministro seja enviada para o Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o MPF, a medida é necessária porque há indício de que o presidente Jair Bolsonaro pode ter interferido na investigação.
O MPF justifica o pedido com base em interceptações telefônicas de Milton Ribeiro que indicam a possibilidade de vazamento das apurações do caso. Segundo o MPF, há indícios de que houve vazamento da operação policial e possível interferência ilícita por parte do Bolsonaro.