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Suspeito de revelar o esconderijo de Anne Frank é identificado após 77 anos

Uma investigação que foi reaberta há cerca de 6 anos sobre a traição à família de Anne Frank, conseguiu identificar um suspeito que teria sido o delator, responsável por levar os nazistas a encontrarem a família de Anne e outros judeus, que estavam em um esconderijo à beira de um canal em Amsterdã em 1944.

A família de Anne e os outros judeus que estavam escondidos, foram encontrados pelos nazistas em 04 de agosto de 1944, após o grupo ficar no esconderijo por dois anos. O grupo de judeus foi deportado e Anne morreu aos 15 anos no campo de concentração de Bergen Belsen.

Uma equipe que conta com a ajuda do agente aposentado do FBI Vincent Pankoke e cerca de 20 historiadores, criminologistas e especialistas em dados conseguiram identificar uma figura relativamente desconhecida, o tabelião judeu Arnold van den Bergh, como principal suspeito de revelar o esconderijo. Entretendo alguns especialistas enfatizam que essas evidências não são conclusivas.

Evidências

Segundo o membro da equipe de investigações Pieter van Twisk, a principal evidência do caso é um bilhete não assinado, destinado ao pai de Anne Frank, Otto, o bilhete foi encontrado em um antigo dossiê sobre uma investigação pós-guerra, que cita especificamente Van den Bergh e alega que ele deu a informação do esconderijo aos nazistas.

O bilhete afirma que Van den Bergh tinha acesso a endereços de esconderijos de judeus como membro do Conselho Judaico de Amsterdã, que operou durante a guerra. O tabelião teria passado essas informações aos nazistas para salvar sua própria família.

Investigadores afiram que Otto, único membro da família a sobrevier à guerra, tinha conhecimento do bilhete, mas preferiu não falar sobre o bilhete em público. Twisk especula que Otto provavelmente decidiu ficar em silêncio sobre o episódio pois não sabia se a acusação era verdadeira, não queria divulgar informações que pudessem incentivar ainda mais o antissemitismo ou não desejava que as três filhas de Van den Bergh fossem culpadas por algo que o pai pudesse ter feito.

“Otto esteve em Auschwitz, ele sabia que pessoas em situações difíceis às vezes fazem coisas que podem não ser moralmente justificáveis”, disse Twisk.

Embora outros integrantes do Conselho Judaico de Amsterdã tenham sido deportados, Van den Bergh pôde permanecer na Holanda. Ele morreu em 1950. O historiador Erik Somers, do instituto holandês NIOD para estudos de guerra, holocausto e genocídio, elogiou a extensa investigação, mas mostrou-se cético quanto à sua conclusão.

Ele questionou a centralidade do bilhete anônima nos argumentos da responsabilidade de Van den Bergh e disse que a equipe de investigação fez suposições sobre as instituições judaicas de Amsterdã nos tempos da guerra que não são apoiadas por outras investigações históricas. Segundo ele, existe muitas razões possíveis para Van den Bergh nunca ter sido deportado, pois ele era um homem muito influente.

Fundação Anne Frank House

Miep Gies, uma das pessoas que ajudaram Anne Frank e sua família, mantiveram o diário da jovem a salvo até a volta de Otto. O diário de Anne foi publicado pela primeira vez em 1947. Desde então, o mesmo foi traduzido para 60 idiomas e conseguiu capturar a imaginação de leitores ao redor do mundo.

A Fundação Anne Frank House não esteve envolvida na investigação do caso, mas compartilhou informações dos seus arquivos aos investigadores. As descobertas da nova pesquisa serão publicadas em um livro de uma autora canadense. Intitulado “A Traição de Anne Frank”, e será lançado na terça-feira (18).