Alimentação e sedentarismo não são as únicas causas da obesidade, apontam especialistas

Todo mundo conhece a receita de uma vida saudável: alimentação balanceada e atividades físicas. A máxima, no entanto, pode não resultar em peso adequado para muitas pessoas. No caso dos obesos, essa “regra” depende de muito mais elementos para promover a perda de peso, retomada da saúde e conquista da famosa qualidade de vida.

A doença de origem metabólica é considerada uma epidemia entre os brasileiros. Dados da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) apontam mais de 18 milhões de pessoas no país apresentam essa condição. O total de daquelas acima do peso ultrapassa de 70 milhões e as estimativas revelam que são 2 milhões de novos casos por ano, por isso a relevância de falar sobre o assunto no dia mundial da obesidade, celebrado em 04 de março.

Considerada um problema multifatorial, a obesidade tem dois principais ingredientes em sua fórmula: a genética e fatores externos. A falta de sono saudável e doenças mentais correspondem aos aspectos mais contornáveis, porém a questão é complexa. A endocrinologista Pryscilla Moreira alerta para os reflexos da pandemia nos índices da doença e ressalta a necessidade de manter atividade física regular e alimentação balanceada.

“É necessário um sono adequado, pois é durante ele que há a regulação de diversos hormônios como o da saciedade e o da fome. Quando há privação de sono, os estudos já mostram que há uma diminuição do hormônio associado à saciedade e um aumento do hormônio associado à fome. Assim, quando a pessoa dorme menos ela vai ter mais fome, vai comer mais e facilitar o ganho de peso. Por isso, é necessário um sono regulado para que a gente consiga diminuir a influência desses hormônios no ganho de peso“, afirma.

A médica também destaca como a ansiedade, depressão e compulsão alimentar influenciam na desregulação da balança. “Elas devem ser tratadas, pois podem favorecer ingestão inadequada de comida e calorias, privilegiando alimentos hipercalóricos e um excesso de calorias no dia, que vai facilitar o ganho de peso. Precisamos atingir todos esses pontos com uma dieta balanceada e a prática de atividades físicas, principalmente com ganho de massa muscular, que melhora a sensibilidade à insulina e o metabolismo”, complementa Pryscilla.

Estilo de Vida

Alterações hormonais são lembradas pela nutricionista clínica e esportiva Maíra Azevedo como tópicos relevantes quando se trata de obesidade, assim como o estilo de vida. “Se a pessoa tiver problemas na tireoide, o metabolismo vai ficar lento e isso propiciará o acúmulo de gordura. A alimentação e o sedentarismo também contam, claro”, frisa. Pela experiência no consultório, a profissional considera que inclusão de boa alimentação e de atividade física à rotina estão no mesmo nível de dificuldade.

Essa percepção é a mesma do empresário Jader Campos. Aos 41 anos, ele coleciona histórias de tentativas malucas para emagrecer. O esforço para perder os quilinhos extra inclui até duas cirurgias, sem muitos resultados positivos. Ele sempre foi uma criança gordinha e na família, muitos integrantes apresentam sobrepeso. Uma das lembranças de infância dele é ir na padaria da cidade onde morava e comprar tudo o que queria para comer aos montes em casa.

“O que você imaginar, eu já fiz. Tomei remédios, fui a um monte de médicos de diversas especialidades, fiz caminhada, tentei várias dietas…Os resultados até aparece, mas não se mantêm porque é uma questão de estilo de vida mesmo. Passei por um bypass gástrico muitos anos atrás e uma sutura endoscópica, que é costurar o estômago”, diz. Jader afirma que não tem problemas como insônia ou depressão, mas reconhece ter ansiedade apesar de não buscar tratamento específico.

A endocrinologista Pryscilla reforça a importância de um psiquiatra ou um psicólogo na atuação em conjunto durante o tratamento do paciente obeso. Um especialista em sono também pode ser essencial. “A insônia está relacionada ao aumento de casos de alterações psicológicas como depressão e ansiedade, condições que podem interferir nos resultados dos tratamentos para perda de peso e ganho de massa“, detalha.

Perda de peso lenta?

O ritmo de emagrecimento, assim como a doença, apresenta variações individuais entre os pacientes. O chamado “efeito sanfona”, que é a perda seguida do ganho de peso após uma dieta, pode ser um dos vilões nesse contexto. A nutricionista Maíra explica que o seguimento da dieta e realização de exercícios apresenta resultados diferentes entre quem passou e nunca passou por esse rebote da balança.

“Para quem nunca teve, a perda pode ser de quatro quilos por mês enquanto entre os que já tiveram, o emagrecimento oscila entre um e dois quilos e meios mensalmente”, revela.Esse processo de ganho e perda de peso está totalmente atrelado à falta de disciplina, objetivos e prioridades.

Resistir a tentações de doces e massas demanda controle do comportamento alimentar, considerando que o excesso e certos tipos de alimentos não devem ser um hábito diário. Quando considerações sobre o que vale a pena a médio e longo prazos se tornam mais claras, dizer não e fazer trocas saudáveis na alimentação fica mais fácil.

“Quando a pessoa entende o que é vontade, fome e ansiedade, ela consegue adotar essas mudanças sem sofrer porque se torna algo natural”, defende Maíra. No entanto, Pryscilla pondera que o sono adequado, o tratamento das comorbidades associadas como ansiedade, depressão e compulsão alimentar e ainda mudanças de estilo de vida ajudam no controle da obesidade, “mas em alguns casos só essa mudança não vai ser suficiente”.

Custos físico e financeiro

“Por ser uma doença, a obesidade, como qualquer outra, pode ser demandar o tratamento medicamentoso e, muitas vezes, até cirúrgico. Às vezes, o ideal vai ser iniciar o tratamento medicamentoso, lembrando que ele deve ser individualizado, que o paciente deve passar por uma avaliação médica para determinar tanto a indicação como as contraindicações, decidir qual o medicamento mais apropriado”, ressalta a endocrinologista.

A situação preocupa, especialmente pelas perspectivas alarmantes. Um estudo realizado por 17 universidades do Brasil e uma do Chile concluiu que 68% da população poderá estar acima do peso sendo 26% desse montante de pessoas obesas até 2030 no país. A doença exige acompanhamento de especialistas em diversas áreas e muitos brasileiros não podem arcar com todos os custos do tratamento. O cenário de aumento de doenças crônicas, a exemplo de diabetes, hipertensão e colesterol alto, de correntes da obesidade e grande demanda devem estrangular  Sistema Único de Saúde (SUS).

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Úrsula Silva, irmã de MC Kevin, morre aos 36 anos por complicações de trombose

Úrsula Muga Silva, irmã do cantor MC Kevin, morreu aos 36 anos. A notícia foi confirmada nesta terça-feira, 17, por Valquiria Nascimento, mãe do artista, por meio de uma publicação no Instagram.

Embora não fosse mãe biológica de Úrsula, Valquiria explicou que ajudou a criá-la entre os 12 e os 19 anos, após o falecimento da mãe da jovem. Úrsula, filha do pai de MC Kevin, mantinha uma relação próxima com a família.

Segundo Valquiria, Úrsula sofria de trombose, mas não seguia o tratamento adequado para a doença. “Não se cuidou, acabou passando mal e indo embora”, lamentou. Úrsula era casada e deixou um filho pequeno.

Relembre a morte de MC Kevin
MC Kevin, cujo nome era Kevin Nascimento Bueno, morreu aos 23 anos após cair do 5º andar de um hotel na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. O cantor chegou a ser socorrido com vida e levado ao Hospital Municipal Miguel Couto, mas não resistiu.

O funkeiro, que acumulava quase 14 milhões de seguidores no Instagram e cerca de 1,8 milhão de ouvintes mensais no Spotify, deixou um legado marcante no cenário musical.

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