A Polícia Federal (PF) encaminhou um pedido de prisão contra Padre Robson de Oliveira ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) devido a suspeita de pagamento de propina de R$ 750 mil para dois desembargadores e um juiz substituto do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ). De acordo com a PF, a negociação seria destinada para o ganho de uma ação judicial da compra de uma fazenda.
As autoridades judiciais supostamente envolvidas no esquema criminoso seriam a desembargadora relatora Amélia Martins de Araújo, o juiz substituto em segundo grau, Roberto Horácio Rezende e o desembargador, agora aposentado, Orloff Neves Rocha.
O pedido de prisão do Padre Robson, que também era investigado por suspeita de desvio de dinheiro da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), em Trindade, na Região Metropolitana da capital, foi protocolado no STJ. Segundo o advogado do religioso, Cléber Lopes, o documento ainda não havia sido julgado até a tarde deste sábado (20). No entanto, o julgamento deve acontecer até está segunda-feira (22).
O advogado do Cléber diz ainda que os fatos usados para fazer o pedido são antigos e que não existe justificativa para a prisão. Além disso, foi feita uma representação contra a solicitação da PF. O pedido de prisão temporária realizado pela Polícia Federal na sexta-feira (19), não é apenas contra o padre Robson de Oliveira, mas também contra o advogado Cláudio Araújo Pinho, os dirigentes da Afipe, Anderson Reiner Fernandes e Rouane Carolina Azevedo e o contador da associação José Pereira.
Investigação
Os suspeitos começaram a ser investigados pela PF durante a apuração feita pelo Ministério Público de Goiás (MP) que trouxe a tona áudios do padre em que ele falava sobre o pagamentos de propina a desembargadores. O MP investiga o padre Robson desde 2019, quando apurou irregularidades nas contas da Afipe, até então presidida pelo sacerdote. Durante a apuração, o MP descobriu que o religioso teria criado associações para desviar mais de R$100 milhões da instituição para comprar fazendas, casas de praia e até um avião.
Foram encontrados ainda, áudios em que o padre tratava de pagamento de propina no valor de R$ 1,5 milhão a desembargadores do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ) para receber uma decisão favorável em um processo envolvendo uma fazenda comprada pela Afipe. Após isso, o processo foi encaminhado para o STJ.
Operação Vendilhões
Padre Robson também foi alvo da Operação Vendilhões, que teve início após o religioso denunciar que estava sendo vítima de extorsão por hackers, que terem descoberto um suposto relacionamento amoroso do religioso. Segundo o MP, Padre Robson teria desembolsado R$2,9 milhões para os chantagistas, dinheiro que saiu dos cofres da Afipe.
Durante a operação do MP, cinco possíveis crimes foram investigados: apropriação indébita, falsificação de documentos, organização criminosa, lavagem de dinheiro e sonegação fiscal. Foram cumpridos mandados de busca e apreensão em endereços diferentes, todos ligados ao sacerdote. Entretanto, o processo foi bloqueado pela justiça.
Nota da defesa dos desembargadores e juiz
“Sobre o pedido de prisão do Padre Robson e outras pessoas a ele vinculadas, os desembargadores mencionados no inquérito, esclarecem que ao tomarem conhecimentos da suspeita contra eles formulada, de imediato requereram, no âmbito administrativo e judicial a apuração dos fatos.
O Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, ao efetivar exaustiva investigação concluiu pela prática do crime de exploração de prestígio pelo advogado mencionado na gravação e no inquérito. Foram analisadas movimentações bancárias, colhidos depoimentos e enfim, auferida a confissão daquele profissional do Direito que firmou ter recebido para si e por si consumido o dinheiro recebido da AFIPE.
Independente do decreto de prisão do padre, de seu advogado, da efetivação de busca e apreensão, ao final, a conclusão do Superior Tribunal de Justiça será a mesma que teve o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás. E a única conclusão possível é que os desembargadores foram vítimas de um vendedor de fumaça, que utilizou o nome de homens e de uma mulher de bem, para auferir vantagem ilícita.
Os desembargadores esperam, o quanto antes, o efetivo esclarecimento de todos os fatos irresponsavelmente criados neste maldoso episódio que não deixa de macular a honra pessoal e profissional de pessoas sérias e que se dedicam à vida pública há mais de quarenta (40) anos”.